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segunda-feira, 7 de maio de 2012

TAVIRA À ESPERA DE INVESTIMENTO AMERICANO?


Não sabia que Tavira procurava investimentos no lado de lá do Atlântico. Culpa minha e ignorância que me foi desfeita pela leitura do Jornal do Barlavento de 26 de Abril passado.
Fiquei portanto esclarecido de que o Presidente do Município e o Presidente da EMPET, acompanhados de um Professor da UALg, e de um membro da ANJE/Algarve, tinham lançado, na costa leste dos “States”, umas sementes de confiança, fertilizando o acto com alguma publicidade, em terreno lavrado pelos embaixadores de lá e de cá, todo ele localizado em áreas dominadas por comunidades lusas.
De facto, para colher é preciso semear.
Por um lado é bom que se divulgue a nossa região, que em termos promocionais deixou, e ainda bem, o duplo “LL” que a adulterava. Ainda por cima, junto de comunidades que tradicionalmente não nos procuram. O turismo norte-americano, quando sai do seu continente fá-lo em direcção a Paris, Londres ou Roma. Os emigrantes portugueses  raramente regressam e, se o fazem temporariamente, ficam-se pelos Açores que se constituem como a sua origem, em grande percentagem.
Mas, por outro lado, duvido um pouco da eficácia desta operação de “charme”. Precisamos antes de mais, de desenvolver a nossa região - o Algarve em geral e Tavira em particular -  para que depois possamos oferecer hipóteses de bons investimentos.
Não teremos grande sorte no eventual aparecimento de um grupo de investidores enquanto não voltarmos:
- Ao reflorir em pleno da nossa agricultura;
- Ao apoio  e crescimento de uma equilibrada frota  pesqueira, com especial incidência na construção do Porto de Pesca de Tavira;
-  À consolidação das estruturas públicas ligadas ao turismo;
- À reconstrução urbana com a recuperação de prédios degradados.
Na área turística a par da sua funcionalidade, a imagem de uma cidade ganha pontos. Importa recordar, por exemplo, a melhoria introduzida nas marginais de Santa Luzia e Cabanas. Mas que é feito da marginal de Tavira, abarcada pelas Quatro Águas, pelo respectivo acesso e pelas margens do Gilão?
Mais papista que o IPPAR, a reconstrução urbana em Tavira padecia até há pouco, do síndrome fundamentalista de impedir alterações no interior dos edifícios, exigindo tectos de cana, não autorizando placas entre pisos e obrigando ao uso de cal no exterior, entre outras patacoadas. Com tal grau de exigência, a recuperação de imóveis foi sendo abandonada. Será que já se inverteu a tendência?
Tudo isto conta.
Existe um parque empresarial bem delineado e a baixo preço por m2. Sim! Mas e o resto? O que temos nós para oferecer?  
O desenvolvimento de uma região não se faz através de boas vontades, ou apenas em promoções ainda que intencionalmente bem dirigidas. Faz-se apoiado numa realidade concreta, em programas e projectos bem definidos, sempre visando a sua potencial globalidade.
Para que esta viagem aos EUA tenha o merecido resultado, é preciso pois apostar no desenvolvimento integrado da Região de Tavira e não apenas em oferecer a preço de saldo, espaço em parque empresarial. Um investidor procurará sempre uma envolvente de crescimento harmónico, diversificado e complementar para a região onde pretende arriscar capitais.   
Não oferecendo essa realidade, o que nos resta? A instalação de empresas que apostam em mão-de-obra barata?
Salvo melhor opinião, Tavira quer-se como um todo desenvolvido e próspero e não apenas um deserto com dois ou três oásis dominados por poderes estranhos à Região.
Disso, Já Tavira e o Algarve têm cá muito.

                                               Lopes Sabino

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