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terça-feira, 12 de junho de 2012

COMPANHIA PESCARIAS DO ALGARVE, ÍCONE DE TAVIRA

por: Luís Costa Silva
A Companhia Pescarias do Algarve (CPA), fundada em 1835, é a mais antiga companhia de pescas ainda em actividade em Portugal.
Embora muitos dos seus inúmeros accionistas residissem em Faro, bem como noutras cidades do Algarve e em Lisboa, também os havia de Tavira, nomeadamente ligados a algumas das famílias tradicionais da nossa terra, sendo que a principal actividade da empresa era, por essa altura, a pesca do atum, através de redes fixas no mar, as armações. No caso, através da armação do Medo das Cascas, lançada frente à Ilha de Tavira, pelo menos desde o Século XIX.
A prosperidade foi muita e a testemunhá-lo o Arraial Ferreira Neto, no interior da Ria Formosa, frente à Barra de Tavira, construído entre 1945 e 1949. 
O afastamento do atum das nossas águas nos finais do Século XX, levou a empresa a encerrar esta actividade em 1972, dedicando-se a partir dessa data a outras modalidades de pesca, sendo o arraial alienado para o actual aproveitamento como unidade hoteleira.
Foi pois, a CPA com a sua armação para a pesca do atum, um dos principais sustentáculos da economia do concelho de Tavira nos Séculos XIX e XX, até ao encerramento da referida actividade em 1972, podendo ser por isso considerada como um ícone da nossa terra.
O reaparecimento do atum na costa do Algarve, com o sucesso na sua captura por parte de uma empresa, luso japonesa, a TUNIPEX, levou a administração da CPA, a conduzir e conseguir fazer aprovar dois projectos de financiamento para o lançamento de duas armações fixas, uma ao largo da Ilha da Barreta, em Faro, a Armação do Cabo de Santa Maria, e outra ao largo da Ilha de Tavira, próxima ao lugar onde era lançada a antiga Armação do Barril, a qual adoptou esse mesmo nome.
Se no caso da Armação do Cabo de Santa Maria faz sentido que o Porto de Olhão seja o porto de apoio ao exercício da respectiva actividade, já no caso da Armação do Barril, a referida situação, de ter o porto de apoio em Olhão, não faz sentido nenhum, para além de ser totalmente antieconómico, face à distancia que o mesmo porto se situa da área de operação da armação, com os respectivos custos acrescentados, para além do tempo de transito factor determinante para a qualidade, e perda de valor, do atum capturado, o qual normalmente se destina à exportação para os mercados dos países do extremo oriente, no caso o Japão.
O que faria sentido, quer em termos económicos, da empresa e da nossa cidade, quer em termos históricos e sociais, quer ainda em termos iconográficos, seria utilizar o Porto de Tavira para a operação de apoio à Armação do Barril. Porque não se faz ou fez? Porque Tavira não tem um Porto de Pesca.
Alguém acredita nisto? Acreditem, que é verdade.
Em Quarteira até se conseguiu fazer um Porto de Pesca, em plena linha de costa/praia, com todas as consequências na hidrodinâmica costeira, e nos elevadíssimos custos económicos que foram gerados, em particular com a forte erosão costeira em Vale de Lobos, no Garrão e na Ilha de Faro.    
Porque se fez esta obra? Para retirar os pescadores da entrada da Marina de Vilamoura, onde não eram bem recebidos, nem bem vistos. A Marina de Vilamoura é uma concessão privada.  
Alguém acredita nisto? Acreditem, que é verdade.
Tavira, a terra da pesca do atum, com uma fortíssima identificação social, económica e gastronómica, com esta espécie, fica assim arredada do potencial económico que a referida actividade poderia ter para esta comunidade tão carecida de desenvolvimento.
Sempre o Porto de Pesca de Tavira ……..…….. Porquê?
Porquê esta cegueira dos nossos dirigentes políticos. Reflictam comigo e interiorizem a necessidade de termos de ir à luta. Não temos, nem nos dão, outra  alternativa …… Temos de nos erguer.

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