por: Luís Costa Silva
A Companhia Pescarias do Algarve (CPA), fundada em 1835, é a
mais antiga companhia de pescas ainda em actividade em Portugal.
Embora muitos dos seus inúmeros accionistas residissem em Faro,
bem como noutras cidades do Algarve e em Lisboa, também os havia de Tavira,
nomeadamente ligados a algumas das famílias tradicionais da nossa terra, sendo
que a principal actividade da empresa era, por essa altura, a pesca do atum, através
de redes fixas no mar, as armações. No caso, através da armação do Medo das
Cascas, lançada frente à Ilha de Tavira, pelo menos desde o Século XIX.
A prosperidade foi muita e a testemunhá-lo o Arraial Ferreira
Neto, no interior da Ria Formosa, frente à Barra de Tavira, construído entre
1945 e 1949.
O afastamento do atum das nossas águas nos finais do Século XX,
levou a empresa a encerrar esta actividade em 1972, dedicando-se a partir dessa
data a outras modalidades de pesca, sendo o arraial alienado para o actual
aproveitamento como unidade hoteleira.
Foi pois, a CPA com a sua armação para a pesca do atum, um dos
principais sustentáculos da economia do concelho de Tavira nos Séculos XIX e
XX, até ao encerramento da referida actividade em 1972, podendo ser por isso considerada
como um ícone da nossa terra.
O reaparecimento do atum na costa do Algarve, com o sucesso na
sua captura por parte de uma empresa, luso japonesa, a TUNIPEX, levou a
administração da CPA, a conduzir e conseguir fazer aprovar dois projectos de
financiamento para o lançamento de duas armações fixas, uma ao largo da Ilha da
Barreta, em Faro, a Armação do Cabo de Santa Maria, e outra ao largo da Ilha de
Tavira, próxima ao lugar onde era lançada a antiga Armação do Barril, a qual
adoptou esse mesmo nome.
Se no caso da Armação do Cabo de Santa Maria faz sentido que o
Porto de Olhão seja o porto de apoio ao exercício da respectiva actividade, já
no caso da Armação do Barril, a referida situação, de ter o porto de apoio em
Olhão, não faz sentido nenhum, para além de ser totalmente antieconómico, face
à distancia que o mesmo porto se situa da área de operação da armação, com os
respectivos custos acrescentados, para além do tempo de transito factor
determinante para a qualidade, e perda de valor, do atum capturado, o qual
normalmente se destina à exportação para os mercados dos países do extremo
oriente, no caso o Japão.
O que faria sentido, quer em termos económicos, da empresa e da
nossa cidade, quer em termos históricos e sociais, quer ainda em termos
iconográficos, seria utilizar o Porto de Tavira para a operação de apoio à Armação
do Barril. Porque não se faz ou fez? Porque Tavira não tem um Porto de
Pesca.
Alguém acredita nisto? Acreditem, que é verdade.
Em Quarteira até se conseguiu fazer um Porto de Pesca, em plena
linha de costa/praia, com todas as consequências na hidrodinâmica costeira, e
nos elevadíssimos custos económicos que foram gerados, em particular com a
forte erosão costeira em Vale de Lobos, no Garrão e na Ilha de Faro.
Porque se fez esta obra? Para retirar os pescadores da entrada
da Marina de Vilamoura, onde não eram bem recebidos, nem bem vistos. A Marina
de Vilamoura é uma concessão privada.
Alguém acredita nisto? Acreditem, que é verdade.
Tavira, a terra da pesca do atum, com uma fortíssima
identificação social, económica e gastronómica, com esta espécie, fica assim
arredada do potencial económico que a referida actividade poderia ter para esta
comunidade tão carecida de desenvolvimento.
Sempre o Porto de Pesca de Tavira ……..…….. Porquê?
Porquê esta cegueira dos nossos dirigentes políticos. Reflictam
comigo e interiorizem a necessidade de termos de ir à luta. Não temos, nem nos
dão, outra alternativa …… Temos de nos
erguer.
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