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quarta-feira, 8 de abril de 2015

OS DONOS DA DEMOCRACIA

                                                                                                                                        Luis Silva
 Seria muito interessante conseguirmos ter uma ideia, mesmo pequena que fosse, daquilo que vai na cabeça de um “politico” quando olha para um cidadão comum.

Há um episódio, que nos últimos tempos tem recorrentemente passado nas nossas televisões a propósito do nosso ex primeiro ministro, em que este sai de uma viatura oficial, a vestir um casaco, e um cidadão comum atravessa-se-lhe no caminho, sem lhe dar qualquer atenção.

O olhar de sobranceria e desprezo do referido politico para com aquele cidadão, visto repetidamente por todos nós, dá uma muito pequena idéia daquilo que acima começámos por referir.

Nós cidadãos comuns somos, para esta casta que se auto classifica como “os políticos”, algo de que só necessitam (diga-se que de forma muito contrariada.... que chatice) para, de tempos a tempos, irmos acarneiradamente reconhecer a elevada qualidade e superioridade que a referida classe política tem.

A partir desse momento a nossa presença, melhor a nossa existência, torna-se desnecessária e até a maioria das vezes, para não dizer sempre, indesejável já que a nossa menoridade intelectual, a nossa incapacidade para “entender” a política e as “razões que a razão desconhece”, nos torna de todo inconvenientes para os titulares de cargos políticos, podendo mesmo pôr em causa os secretos desígnios políticos e pessoais das referidas personagens, desígnios esses que normalmente pouco têm a ver com o interesse público.

A consequência natural é o afastamento da “carneirada” da participação na dita cuja e tão elogiada  “democracia representativa”, que os nossos protagonistas ocultam o mais possível, misturando votos nulos, com votos em branco, e admitindo, sem qualquer outro remédio, que a abstenção está nos 60%, ou melhor dizendo que os ditos “senhores” só foram escolhidos e a democracia representativa caucionada, por 40% da população portuguesa, votos nulos e em branco incluídos.