Luis Silva
Seria muito interessante conseguirmos
ter uma ideia, mesmo pequena que fosse, daquilo que vai na cabeça de um “politico”
quando olha para um cidadão comum.
Há um episódio, que nos últimos
tempos tem recorrentemente passado nas nossas televisões a propósito do nosso
ex primeiro ministro, em que este sai de uma viatura oficial, a vestir um
casaco, e um cidadão comum atravessa-se-lhe no caminho, sem lhe dar qualquer
atenção.
O olhar de sobranceria e desprezo do referido politico para com aquele cidadão, visto repetidamente por todos nós, dá uma muito pequena idéia daquilo que acima começámos por referir.
O olhar de sobranceria e desprezo do referido politico para com aquele cidadão, visto repetidamente por todos nós, dá uma muito pequena idéia daquilo que acima começámos por referir.
Nós cidadãos comuns somos, para
esta casta que se auto classifica como “os políticos”, algo de que só
necessitam (diga-se que de forma muito contrariada.... que chatice) para, de
tempos a tempos, irmos acarneiradamente reconhecer a elevada qualidade e
superioridade que a referida classe política tem.
A partir desse momento a nossa
presença, melhor a nossa existência, torna-se desnecessária e até a maioria das
vezes, para não dizer sempre, indesejável já que a nossa menoridade intelectual,
a nossa incapacidade para “entender” a política e as “razões que a razão
desconhece”, nos torna de todo inconvenientes para os titulares de cargos políticos, podendo mesmo pôr em causa os secretos desígnios políticos e
pessoais das referidas personagens, desígnios esses que normalmente pouco têm a
ver com o interesse público.
A consequência natural é o
afastamento da “carneirada” da participação na dita cuja e tão elogiada “democracia representativa”, que os nossos
protagonistas ocultam o mais possível, misturando votos nulos, com votos em
branco, e admitindo, sem qualquer outro remédio, que a abstenção está nos 60%,
ou melhor dizendo que os ditos “senhores” só foram escolhidos e a democracia
representativa caucionada, por 40% da população portuguesa, votos nulos e em
branco incluídos.
Esta minha reflexão sobre esta
gente desqualificada, incompetente e medíocre, coloca-me automaticamente, no
entender deles, no campo dos perigosos demagogos, que por falarem tâo
claramente e sem os habituais métodos e linguagem política, hermética para o
comum dos mortais, poderão pôr, ou porão mesmo, em causa esta tão saudável
democracia, manipulando os eleitores e encaminhando-os para as trevas do
conhecimento e do desenvolvimento, fora do quadro do actual espectro político
partidário.
Os donos da democracia, não
permitem pois que haja opinião fora do quadro por si controlado, o que remete
os cidadãos e a cidadania para a mais vulgar menoridade mental, que fazem questão
permanentemente de sobranceiramente demonstrar.
Este quadro assume particular
relevancia na Administração Local, o que será objecto de uma próxima reflexão
nossa.
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