Não
sou de Tavira, mas passo aí todos os anos, uns dias em Julho e outros em
Setembro, de acordo com as minhas disponibilidades de tempo.
Este
ano observei duas situações que me pareceram ilustrar na perfeição o título
deste meu desabafo bloguista.
A Banda de Ayamonte alinhou junto ao monumento e tocou para a fachada municipal |
Acontecia
a procissão em honra de Nossa Senhora do Monte do Carmo, que foi abrilhantada
por uma Banda/Fanfarra da vizinha cidade espanhola de Ayamonte, em convénio de
intercâmbio, sem encargos para a Irmandade tavirense do Carmo. Tudo isto
procurei depois saber.
Antes
de rumar ao Largo junto à Igreja, de onde sairia o Cortejo, a Banda de Ayamonte
veio à Praça da República apresentar cumprimentos ao Município, fazendo-o à sua
maneira, ou seja, apresentando dois números musicais de forte sonorização.
E
eu, que estava sentado na esplanada de um dos Cafés da Praça, quando esperava
que alguém do executivo camarário viesse a terreno agradecer a atenção do Grupo
espanhol pelo símbolo do poder local nesta cidade, verifiquei que nada
aconteceu.
Nem
Presidente, nem Vereadores, nem um qualquer funcionário vieram receber o
Maestro e os seus músicos. Ninguém! A banda tocou para as janelas e porta
municipais fechadas. Acabada a função, os músicos viraram costas e foram iniciar
a procissão, que mais tarde acompanharam.
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Dias
depois, em organização da CMT intitulada “Verão em Tavira”, atuou no Jardim do
Coreto um grupo de Fados de Coimbra. Interessante desempenho, que abordou
várias épocas da canção coimbrã e apresentou diversos cantores, todos com muita
qualidade.
No
final, o speaker do grupo fez um
pequeno apelo, mais ou menos deste jeito:
-“ Eu sei que o vosso
Presidente também passou por Coimbra e gostava de o chamar ao palco para lhe
sobrepor a minha capa e comungarmos deste momento de despedida …”
As
duas centenas de pessoas olharam à sua volta com ar interrogativo. Eu não
percebi logo, mas os tavirenses já sabiam de antemão que o seu presidente lá não
estava.
Presumo
que Presidente e executivo tavirense sejam superiores a estas coisas. Mas, mesmo
não sendo de Tavira, fiquei constrangido
pela atitude, tal como constrangido ficou o porta-voz do grupo de Fados de
Coimbra, pois não apareceu, nem Presidente, nem Vereadores, nem funcionário
municipal com responsabilidades.
E,
com muita pena, continuo a constatar que a maioria dos autarcas desprezam os
seus munícipes e só aparecem em força quando se trata de eleições.
Se
os eleitores tratassem certos políticos com o desprezo que recebem, talvez
estes se empenhassem um pouco mais no desempenho total das suas obrigações.
Obrigações
que, de modo algum, serão apenas as de dirigentes que aparecem quando têm interesse especial
ou desaparecem quando não lhes agrada o “frete”.
Certos
políticos nunca mais apreendem. E deviam ser ensinados por aqueles que lhes dão
os votos.