por: Luís Costa Silva
Aí estamos nós no melhor de boa gestão da coisa pública. A
Parque EXPO apresenta um deficit insanável, consequência, liquida-se a empresa.
Os respectivos administradores e quadros superiores fizeram o
que fizeram, boas remunerações, e nalguns casos também pensões, bons carros de
luxo, excelentes repastos em tudo o que foi restaurante "topo de gama", de Lisboa
e arredores, sempre regados com magníficos e muito caros, tintos ou brancos, e
agora será que vão ser responsabilizados, criminal e materialmente, pelo estado
a que conduziram a empresa? Claro que não.
Partirão certamente para a gestão de outra empresa pública que
ainda consiga, por enquanto, aguentar com as despesas relativas à satisfação das
suas "parcas" necessidades “básicas”.
Dá para Imaginar esta migração de “vampiros”, dos
hospitais para os transportes, destes para os portos, depois destes para a RTP, ainda
desta para as Estradas de Portugal, com uma passagenzinha pela CGD, e assim sucessivamente. Temos de, pelo menos, erradicar definitivamente esta gente da administração pública, e fazer publicar e publicitar listas, em locais bem visíveis e nas televisões, com os seus nomes e "feitos" praticados.
Como é possível que a letra da conhecida balada portuguesa os
“Vampiros”, do Zeca Afonso, tenha tanta actualidade, nestes tempos de uma
democracia dita responsável? Como é possível? Permitam-me a reprodução de parte
da letra, para bem recordar:
“No céu cinzento sob o astro mudo
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada”
Batendo as asas pela noite calada
Vêm em bandos com pés veludo
Chupar o sangue fresco da manada”
Muito recentemente nos Estados Unidos, não sendo gestor da
coisa pública, mas tão só de coisa privada, a má gestão ou gestão fraudulenta
efectuada, deram direito a que um cidadão americano fosse contemplado com o
direito de submeter-se a passeatas públicas frente às câmaras de televisão
devidamente algemado e uniformizado, acrescidas de uma pena de 110 anos de
prisão.
Banqueiro e milionário norte-americano Allen Stanford |
Vou-me abster de citar nomes para não levar com algum processo, por atentado ao bom nome de alguém, porque esses processos não prescrevem, nem eu tenho dinheiro para conseguir tal feito.
Mas regressando ao tema, então e o capital de experiência que
os quadros técnicos da Parque EXPO adquiriram, quer na requalificação da área
oriental de Lisboa, do Beato à foz do Rio Trancão, o maior, e mais bem
sucedido, projecto de requalificação urbana jamais efectuado em Portugal, quer
nos projectos de requalificação efectuados para os diversos programas POLIS
desenvolvidos a nível Nacional? Será este conhecimento e prática disperso,
indiscriminadamente, por gabinetes de arquitectura sem qualquer estratégia para
o seu aproveitamento? Então e os programas POLIS que até agora se apoiavam na
Parque EXPO para executar os seus projectos de requalificação, vão apoiar-se agora em
quem?
É aqui que entra a nossa terra, Tavira. Muito se tem falado do
POLIS da Ria Formosa, no âmbito do qual estaria previsto efectuar a
requalificação das Quatro Águas, dos cais de embarque, de e para a ilha, dos
canais navegáveis e da própria Ilha de Tavira, o que, mesmo que existam os
necessários recursos financeiros (o que duvidamos), nos suscita a questão da
gestão das referidas requalificações, face à, acima citada liquidação da
empresa Parque EXPO.
E agora? Ficaremos sem as intervenções do POLIS da Ria
Formosa? Se não ficarmos, as intervenções serão geridas por entidades com o
elevado “know how”, que a Parque EXPO tinha? Duvidamos, e estamos cá para
assistir.
Tapa-se a cabeça, destapam-se os pés. Quando será que estas
questões serão tratadas com abordagens de alcance a pelo menos médio, longo prazo,
tendo sempre em atenção a dialéctica que envolve toda a actividade humana, não
se podendo pois extinguir serviços, empresas ou organizações sem ser efectuada
uma avaliação das suas competências e relações com outras entidades públicas ou privadas.
A não ser que, no caso,
já tenham sido ponderadas as questões suscitadas bem como as suas
interpenetrações, e à boa maneira portuguesa, não haja noticia publica sobre o
tema, para que estas questões se mantenham no “segredo dos Deuses”, com o
objectivo de nos surpreenderem com mais uma boa dose de incompetência, como
infelizmente já é habitual sermos presenteados. Veremos……… e contem connosco para vos denunciar.
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