Por Lopes Sabino
Há pouco mais de um
mês, aqui me referi à animação de Verão em Tavira, com algumas sugestões que,
logicamente, não foram aceites, porque, nessa altura, já o programa estava
delineado, cozinhado, impresso até. Só não estaria distribuído.
Mas, ainda que
houvesse tempo para as implementar, tais sugestões também não seriam minimamente
aceites. Estou entre aqueles que sabem perfeitamente que os responsáveis
políticos, sejam eles de autarquia pequenina, Juntas de Freguesia, de autarquia
maior, Câmara Municipal, ou de nível governamental, estão-se “nas tintas” para
toda e qualquer crítica, mesmo construtiva desde que proveniente de vulgares
cidadãos.
Mesmo que elas, as
sugestões, visem o interesse público e simultaneamente se apresentem com
elevado grau de coerência, o cidadão anónimo não tem, para os senhores eleitos,
qualquer interesse. Nem ele tem nada que se imiscuir nos assuntos da governação
local regional ou central. O pensamento geral do político é esse. Não o podem
negar…
Claro que eles, os
tais políticos, fazem muito mal em não ouvir mais e falar menos. Deviam
misturar-se com as pessoas que circulam por uma cidade. As pessoas que vão ao
mercado, que embarcam no transporte para a ilha, que se espalham pelas
esplanadas, que procuram os serviços públicos e deles esperam respostas prontas
e concretas.
Se os autarcas
tavirenses ou os seus mais directos colaboradores circulassem pela cidade, e
não tivessem, eles próprios, certas mordomias e ainda a possibilidade de
estacionamento onde outros não podem sequer parar, saberiam quais são os pontos
negros do ordenamento e da circulação.
Essa
presença serviria certamente para serem mais concretos nas medidas que propõem
e nos regulamentos que ajudam a aprovar.
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Claro que a minha
ideia não era entrar por aí. Não agora. Mas as palavras, mesmo as palavras
escritas, são como as cerejas.
Em todo o caso o que
eu queria apontar é ter constatado, com alguma satisfação, que o programa de
animação de Verão, especialmente o da Praça da República, coincidia em parte
com a minha ideia ali expressa, visando bastante mais artistas locais do que em
anos anteriores, sem algumas das disparatadas produções que pretendiam
transportar tanta elevação cultural que ninguém entendia as respectivas mensagens.
Só um pormenor eu não
entendi este ano.
Porquê dois palcos diferentes quando há fados?
Porquê dois palcos diferentes quando há fados?
Para estes, no
Jardim, a capacidade é para 60 lugares sentados, mais cadeira menos cadeira.
Porquê, quando ali ao lado, na Praça da Republica, podem sentar-se mil
espectadores, com outros tantos de pé?
Serão, pelos vistos,
aqueles “mistérios” que apenas a sapiência de vereador alcança e que os comuns
munícipes ou visitantes – “pobres coitados” não eleitos – dificilmente
entenderão.
Ainda assim, deixo
uma outra nota interessante. Em São Braz de Alportel, nossos vizinhos a Norte,
ainda se pensa na forma de animação dos eventos com figuras importadas da
capital, algumas delas já desgastadas e “muito por baixo”. Foi o caso da Feira
da Serra, naquela simpática Vila, que teve o ultrapassado Herman José numa das
suas noites.
Ainda bem que não
apareceu cá por Tavira. Seria certamente uma noite em que me recolheria mais
cedo.
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