Por Lopes Sabino
Os diversos Serviços
Públicos já pouco ligam à colocação do símbolo nacional nos seus edifícios. E é
pena.
Há domingos em que a
bandeira prima pela ausência. Noutros fins-de-semana aparece à sexta feira e só
sai à segunda. Será que a excepção passou a ser a regra e a regra adquiriu o
estatuto da excepção?
O edifício municipal
de Tavira também sofre dessa variável.
A muita gente pouco
importa tal prática. Porque à bandeira
portuguesa, já não se dão as honras de antigamente. Fruto das teorias
que acabaram com um certo orgulho em tudo o que se designava por “nacional”, na
culposa intencionalidade de políticos, canhotos na opção e adversos do
interesse luso, em favor de um internacionalismo que há muito faliu e deu mesmo
“para o torto”.
São esses os que
clamam agora que o País devia rasgar o memorando assinado perante a troika, ou
seja, trair os compromissos e mandar à fava aqueles que emprestaram o
dinheirinho para o funcionamento do País.
Está-se mesmo a ver
que a grande maioria dos políticos, os que jogam nas equipas principais, os que
estão no banco dos suplentes, ou aqueles que estão a alinhar nas equipas B, se
estão nas tintas para mais bandeira menos bandeira, mais hino menos hino, ou
sequer mais fronteira menos fronteira.
O que eles adoptam é
um populismo que os eleja. E o que não querem é ver perdidos estatutos
remuneratórios, benesses, ou a oportunista
capacidade transformativa de político em gestor de empresa – quanto maior ela
for, melhor – independentemente da ética ou do decoro.
Foi perdido o
afastamento em que se deveriam situar as relações Estado/empresas e misturados
num imenso cocktail de interesses privados esse mesmo Estado e os Institutos,
Entidades, Observatórios, Fundações, e tudo quanto mais se inventou para
melhorar os benefícios da “clientela” que, para mais, exige funcionamento em
“roda livre”.
O resto do País
continua à espera para ver terminadas as “socráticas” regalias distribuídas
nesta última década pelos amigos e correligionários, um autentico escândalo num
orçamento debilitado e num País cujo PIB minguou e cuja divida externa é
superior à capacidade produtiva de um ano económico.
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Passou há pouco, o 14 de Agosto, mais um aniversário de Aljubarrota. Onde soou forte o eco das trombetas chamando à união de esforços e
ao combate contra o invasor.
E é lamentável que este
exemplo de bandeiras que já não se erguem nos seus mastros seja sintomático e
demonstrativo de que a uma grande parte dos detentores do poder não interessa o
todo nacional.
Apenas lhes convém
que, no final do mês, a sua conta bancária continue abastecida aos níveis
desejados, sem cortes nem sacrifícios.
Os sacrifícios que os
façam os outros.
Mas não devia ser
assim. Quem, eleito ou nomeado, dirige os departamentos estatais ou quem não
cumpre o seu directo dever de hastear bandeiras – só porque não recebe horas extraordinárias – deveria lembrar-se de quem lhes paga. Deveria
lembrar-se que, quer eleito, quer na obrigação funcional, todos eles criaram a
obrigação de desempenhar o seu cargo com fidelidade e empenho.
Não é à mesa do café,
nas conversas de corredor, ou no deixar andar o barco à deriva que tais deveres
se cumprem.
Em mês de mais um
aniversário de Aljubarrota, a batalha que vislumbrou a saída para a crise de
1383/85, sinto que, se Portugal quiser, também pode sair desta crise
airosamente.
A questão é conseguir expulsar a tempo e horas “os vendilhões do templo” e transformar cada posto de trabalho, político ou não político, numa cruzada contra o absentismo, contra a falta de interesse pela função, ou contra o “deixa-andar”.
A questão é conseguir expulsar a tempo e horas “os vendilhões do templo” e transformar cada posto de trabalho, político ou não político, numa cruzada contra o absentismo, contra a falta de interesse pela função, ou contra o “deixa-andar”.
O respeito pela
bandeira nacional e a sua colocação dos edifícios públicos, pode ser uma mais-valia
que ajude à mentalização e dignificação, tanto de dirigentes como de dirigidos…
… Se, na verdade,
quisermos continuar a manter a identidade de
um País para, apesar da crise, não perder o seu rumo e a sua independência.
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