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terça-feira, 21 de agosto de 2012

AS BANDEIRAS NOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS


                                                                          Por Lopes Sabino
Os diversos Serviços Públicos já pouco ligam à colocação do símbolo nacional nos seus edifícios. E é pena.
Há domingos em que a bandeira prima pela ausência. Noutros fins-de-semana aparece à sexta feira e só sai à segunda. Será que a excepção passou a ser a regra e a regra adquiriu o estatuto da excepção?
O edifício municipal de Tavira também sofre dessa variável.
A muita gente pouco importa tal prática. Porque à bandeira  portuguesa, já não se dão as honras de antigamente. Fruto das teorias que acabaram com um certo orgulho em tudo o que se designava por “nacional”, na culposa intencionalidade de políticos, canhotos na opção e adversos do interesse luso, em favor de um internacionalismo que há muito faliu e deu mesmo “para o torto”.

São esses os que clamam agora que o País devia rasgar o memorando assinado perante a troika, ou seja, trair os compromissos e mandar à fava aqueles que emprestaram o dinheirinho para o funcionamento do País.
Está-se mesmo a ver que a grande maioria dos políticos, os que jogam nas equipas principais, os que estão no banco dos suplentes, ou aqueles que estão a alinhar nas equipas B, se estão nas tintas para mais bandeira menos bandeira, mais hino menos hino, ou sequer mais fronteira menos fronteira.
O que eles adoptam é um populismo que os eleja. E o que não querem é ver perdidos estatutos remuneratórios, benesses, ou a  oportunista capacidade transformativa de político em gestor de empresa – quanto maior ela for, melhor – independentemente da ética ou do decoro.
Foi perdido o afastamento em que se deveriam situar as relações Estado/empresas e misturados num imenso cocktail de interesses privados esse mesmo Estado e os Institutos, Entidades, Observatórios, Fundações, e tudo quanto mais se inventou para melhorar os benefícios da “clientela” que, para mais, exige funcionamento em “roda livre”.
O resto do País continua à espera para ver terminadas as “socráticas” regalias distribuídas nesta última década pelos amigos e correligionários, um autentico escândalo num orçamento debilitado e num País cujo PIB minguou e cuja divida externa é superior à capacidade produtiva de um ano económico.
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Passou há pouco, o 14 de Agosto, mais um aniversário de Aljubarrota. Onde soou forte o eco das trombetas chamando à união de esforços e ao combate contra o invasor.
E é lamentável que este exemplo de bandeiras que já não se erguem nos seus mastros seja sintomático e demonstrativo de que a uma grande parte dos detentores do poder não interessa o todo nacional.
Apenas lhes convém que, no final do mês, a sua conta bancária continue abastecida aos níveis desejados, sem cortes nem sacrifícios.
Os sacrifícios que os façam os outros.
Mas não devia ser assim. Quem, eleito ou nomeado, dirige os departamentos estatais ou quem não cumpre o seu directo dever de hastear bandeiras – só porque não recebe horas extraordinárias –  deveria lembrar-se de quem lhes paga. Deveria lembrar-se que, quer eleito, quer na obrigação funcional, todos eles criaram a obrigação de desempenhar o seu cargo com fidelidade e empenho.
Não é à mesa do café, nas conversas de corredor, ou no deixar andar o barco à deriva que tais deveres se cumprem.
Em mês de mais um aniversário de Aljubarrota, a batalha que vislumbrou a saída para a crise de 1383/85, sinto que, se Portugal quiser, também pode sair desta crise airosamente.
A questão é conseguir expulsar a tempo e horas “os vendilhões do templo” e transformar cada posto de trabalho, político ou não político, numa cruzada contra o absentismo, contra a falta de interesse pela função, ou contra o “deixa-andar”.
O respeito pela bandeira nacional e a sua colocação dos edifícios públicos, pode ser uma mais-valia que ajude à mentalização e dignificação, tanto de dirigentes como de dirigidos…
… Se, na verdade, quisermos continuar a manter a identidade de  um País para, apesar da crise, não perder o seu rumo e a sua independência.  

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