Tendo em vista
notícias e comentários surgidos ao longo destes últimos tempos, há quem, por
divergência partidária ou pessoal, se sinta satisfeito com as decisões
jurídico-administrativas que parecem querer empurrar o autarca de Faro, Macário
Correia, para eventual perca de mandato.
Deveremos contudo apreciar
a proporcionalidade da decisão relativamente aos ditos atropelos ao PDM (em
Tavira) de cujo mandato o visado já nem é titular vai para três anos.
Não tenho procuração
ou interesse, nem me considero seguidista de qualquer política ou de qualquer
personalidade, e muito menos do antigo Presidente da CM de Tavira.
Mas tenho de
reconhecer que por ele foi dado um “pontapé para a frente” no desenvolvimento
de Tavira. E que a sua forma de trabalhar, o exemplo no cumprimento de
horários, a sequência e eficácia dos despachos, na exigência para com dirigentes
e funcionários municipais, gerou mais-valias de funcionamento na autarquia
tavirense.
Muitos deles não
gostaram. E novos ventos eleitorais libertaram os agentes municipais da pressão,
levando a “máquina autárquica” a velocidades mais suaves e a níveis de duvidosa
eficácia. São os diferentes estilos de governação. Mas isso será outra
história.
Pelo que leio e oiço
e até onde me leva a minha perceção das coisas, Macário Correia, nalguns casos
de pouca monta, não terá cumprido em Tavira o PDM.
E há alguém que o não
tenha feito? A “bíblia” da gestão autárquica, centenas de vezes por ano, ou até
por mês, vai sendo, por tudo quanto é
sítio, alterada a contento de interesses partidários, empresariais ou de
simples grupos de pressão. Mas, posteriormente sancionados ou não, desses
episódios não chegam queixas aos Tribunais administrativos. Falta saber porquê.
Dos atropelos, basta
lembrar, como um dos milhares de exemplos, o desmesurado crescimento da área
ocupada e a entrega, sem concurso, a uma empresa “afilhada” do partido então no
poder, do contrato de exploração do terminal de contentores no Porto de Lisboa.
Porquê agora a sanha,
o rigor, a implacável decisão?
- |
Faro e a doca |
- Será pelo incómodo
que MC tem causado ao seu próprio Partido, por não alinhar nalgumas decisões
governamentais “laranja” e estar em cruzada contra as portagens na A22?
- Será a “vingança do
chinês” por ter feito perder eleições a figuras de proa da onda rosa?
- Terá origem na
implacável perseguição de um antigo Presidente da CM de Faro, cuja ambição
autocrática pelo Poder é conhecida?
- Será um conjunto de
interesses políticos que teimam em queimar, apesar de militante partidário, um "não-alinhado” como Macário
Correia?
Quando, acrescido a
outros episódios dos últimos dez anos, assistimos à forma impávida e suave como
foi tratado o caso Freeport, de monstruosas proporções, até no incumprimento do
PDM, fica o “indígena” a tecer uma malha interminável de dúvidas quanto ao
funcionamento da justiça em Portugal. Não foi, não é, e nunca o será, igual
para todos.
Apenas como mais uns
quantos exemplos, recordo que não perderam, ou não perdem, mandatos, figuras enroladas
em situações muito estranhas, como Isaltino Morais (Oeiras), Fátima Felgueiras
(Felgueiras), Valentim Loureiro (Gondomar), Mesquita Machado (Braga), João
Soares, (Lisboa) Nuno Cardoso (Porto), etc. etc.
Ou me engano muito,
ou não é apenas da dimensão de uma piscina e duas casas em áreas protegidas, o
“climax” da história que pretende terminar
com o puxar do tapete ao presidente do Município farense e da AMAL.
Goste-se ou não se
goste da forma de actuar de MC, alguém que um dia descubra quem escreveu o enredo
deste filme… ou quem dele vai beneficiar.
Sem comentários:
Enviar um comentário