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sábado, 25 de agosto de 2012

MACÁRIO CORREIA E A PERDA DE MANDATO - Quem escreveu o enredo?

                                                                       por J. Semedo Ferreira
Tendo em vista notícias e comentários surgidos ao longo destes últimos tempos, há quem, por divergência partidária ou pessoal, se sinta satisfeito com as decisões jurídico-administrativas que parecem querer empurrar o autarca de Faro, Macário Correia, para eventual perca de mandato.
Deveremos contudo apreciar a proporcionalidade da decisão relativamente aos ditos atropelos ao PDM (em Tavira) de cujo mandato o visado já nem é titular vai para três anos.
Não tenho procuração ou interesse, nem me considero seguidista de qualquer política ou de qualquer personalidade, e muito menos do antigo Presidente da CM de Tavira.
Mas tenho de reconhecer que por ele foi dado um “pontapé para a frente” no desenvolvimento de Tavira. E que a sua forma de trabalhar, o exemplo no cumprimento de horários, a sequência e eficácia dos despachos, na exigência para com dirigentes e funcionários municipais, gerou mais-valias de funcionamento na autarquia tavirense.

Muitos deles não gostaram. E novos ventos eleitorais libertaram os agentes municipais da pressão, levando a “máquina autárquica” a velocidades mais suaves e a níveis de duvidosa eficácia. São os diferentes estilos de governação. Mas isso será outra história.
Pelo que leio e oiço e até onde me leva a minha perceção das coisas, Macário Correia, nalguns casos de pouca monta, não terá cumprido em Tavira o PDM.
E há alguém que o não tenha feito? A “bíblia” da gestão autárquica, centenas de vezes por ano, ou até por mês, vai sendo,  por tudo quanto é sítio, alterada a contento de interesses partidários, empresariais ou de simples grupos de pressão. Mas, posteriormente sancionados ou não, desses episódios não chegam queixas aos Tribunais administrativos. Falta saber porquê.
Dos atropelos, basta lembrar, como um dos milhares de exemplos, o desmesurado crescimento da área ocupada e a entrega, sem concurso, a uma empresa “afilhada” do partido então no poder, do contrato de exploração do terminal de contentores no Porto de Lisboa.
Porquê agora a sanha, o rigor, a implacável decisão?
Faro e a doca
- Será pelo incómodo que MC tem causado ao seu próprio Partido, por não alinhar nalgumas decisões governamentais “laranja” e estar em cruzada contra as portagens na A22?
- Será a “vingança do chinês” por ter feito perder eleições a figuras de proa da onda rosa?
- Terá origem na implacável perseguição de um antigo Presidente da CM de Faro, cuja ambição autocrática pelo Poder é conhecida?
- Será um conjunto de interesses políticos que teimam em queimar, apesar de militante partidário, um  "não-alinhado” como Macário Correia?
Quando, acrescido a outros episódios dos últimos dez anos, assistimos à forma impávida e suave como foi tratado o caso Freeport, de monstruosas proporções, até no incumprimento do PDM, fica o “indígena” a tecer uma malha interminável de dúvidas quanto ao funcionamento da justiça em Portugal. Não foi, não é, e nunca o será, igual para todos.
Apenas como mais uns quantos exemplos, recordo que não perderam, ou não perdem, mandatos, figuras enroladas em situações muito estranhas, como Isaltino Morais (Oeiras), Fátima Felgueiras (Felgueiras), Valentim Loureiro (Gondomar), Mesquita Machado (Braga), João Soares, (Lisboa) Nuno Cardoso (Porto), etc. etc.
Ou me engano muito, ou não é apenas da dimensão de uma piscina e duas casas em áreas protegidas, o “climax” da história que  pretende terminar com o puxar do tapete ao presidente do Município farense e da AMAL.
Goste-se ou não se goste da forma de actuar de MC, alguém que um dia descubra quem escreveu o enredo deste filme… ou quem dele vai beneficiar.

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