Por Prudêncio Matias
Os
leitores recordam-se do termo amplas liberdades, que servia de bandeira a
várias forças políticas (ditas) de esquerda?
Certamente
que sim. Mas também se recordam que se tratava de um emblema que não
correspondia a qualquer realidade, já que os países onde imperam os ideólogos
das tais “amplas liberdades” não permitem qualquer liberdade à massa
populacional. Olhai para a Coreia do Norte, China, Cuba, Angola e alguns outros
por esse mundo fora.
E
reparai que as “amplas liberdades” são apenas para a minoria que compõe a “Nomenklatura”.
Eles, sim! Eles, os dirigentes, enquanto no poleiro, têm a ampla liberdade de
cercear as liberdades alheias em autêntico estado policial, prisões sem julgamento,
eleições (quando as há) falsificadas, impedimentos ao seu exercício ou
inexistência de partidos políticos, combate ao livre-pensamento, apoiado em
divulgação ideológica parcial, através de órgãos de comunicação social
estatais, portanto de sentido único.
A
comunicação social pertença do Estado é um erro e sempre um risco se cair nas
mãos de governantes sem escrúpulos.E quando em Portugal se discute a projetada alienação da RTP, os partidos ligados direta ou indiretamente ao conceito de amplas liberdades, já começaram a deitar cá para fora os seus venenos.
A
pontos do PS afirmar que, se um dia “for governo, voltará a criar a televisão
do Estado”. Ou seja, o que sempre fez: Dominar a Comunicação Social para levar a
mensagem partidarizada ao cidadão desprevenido.
E
como? Privilegiando o marketing político e colocando nos lugares-chave figuras partidárias
ou que se deixam manipular pelos interesses partidários sem se notar que o
fazem.
Por
sua vez o PCP, que fala com frequência sobre os abusivos vencimentos dos
membros das EP’s, desta vez defende a manutenção deste autêntico e desbragado
regabofe de benefícios a afilhados e quejandos que a televisão do Estado vem
praticando.
O
mais ridículo foi a histeria de Mário Soares quando referiu a alienação da RTP
como uma “pouca-vergonha”, frase multiplicada por um coro de virgens ofendidas,
enquanto eco do desbocado e já senil político na reforma.
Uns
e outros esquecem que:
POUCA
VERGONHA é, na RTP, os milhões que derrete, o escândalo dos vencimentos e
alcavalas dos administradores, diretores, pivots, e figuras menores
alcandoradas a apresentadores, os carros de luxo, os prémios de produção
concedidos aos gestores, mesmo em acumulados prejuízos anuais;
POUCA
VERGONHA é a forma como a RTP inquinou desde logo os noticiários com
informações tendenciosas, pretendendo lavar o cérebro de cada um e fazendo crer
que a estação é independente e é ela que orienta o Governo. Não o contrário;
POUCA
VERGONHA é o baixo nível de programas e séries de fraca qualidade interminavelmente
repetidas, e a continuidade abusiva de comentadores externos de futebol, de
política ou de economia, que continuam agarrados aos seus “tachos”;
POUCA
VERGONHA é ainda Mário Soares receber milhões de euros para uma Fundação que
nada mais faz do que manter o seu ego em alta;
POUCA
VERGONHA é ter o desplante de cobrar ao Estado, através dessa Fundação (apoiada
a 100% pelo mesmo Estado), a renda do gabinete a que tem direito como antigo
PR.
POUCA
VERGONHA é a afirmação de que o Estado pagaria a multa aplicada ao motorista, num enorme desprezo
pela autoridade.
POUCA
VERGONHA é ter andado a viajar por todo o mundo enquanto dizia não ter tempo de
olhar aos Dossiers.
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É certo que MS tem a ampla liberdade de se expressar como entender. Mas, sem recordar outras cenas do velho político, gostaria de, numa forma abrasileirada, perguntar quando acaba ele com a “sem-vergonhice” de vir com conversas que só demonstram o seu despudor, a fome de poder, e a raiva por todos quantos não se curvam à sua passagem?
É certo que MS tem a ampla liberdade de se expressar como entender. Mas, sem recordar outras cenas do velho político, gostaria de, numa forma abrasileirada, perguntar quando acaba ele com a “sem-vergonhice” de vir com conversas que só demonstram o seu despudor, a fome de poder, e a raiva por todos quantos não se curvam à sua passagem?
Eu
ainda tenho um bom remédio. Pouco vejo a RTP. Mas quando dão a palavra ao velho
Mário, mudo de canal. Ou desligo o aparelho e agarro-me a um livro. Será de
certeza mais interessante e instrutivo.
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