Por Lopes Sabino
Foi
publicada no Correio da Manhã de 30 de Agosto último e vem demonstrar o pouco
cuidado com que o jornalismo, falado ou escrito, é exercido.
A
deturpação dos nomes de cidades, vilas ou pequenas localidades é ideia de
jornalistas com pouca formação e muito menor conhecimento do País e das raízes
etimológicas que envolvem esses locais.
Basta
que um deles solte a asneira numa rádio, em televisão ou num jornal, para
rapidamente ser adoptada pelos colegas de profissão. E – muito mais grave - adoptada
sem mais nem menos pelas autarquias, pela sinalética nas estradas, pelos
documentos oficiais.
Foi
assim que, entre os mais conhecidos desses maus exemplos, Póvoa de Lanhoso passou
a Póvoa do Lanhoso; Santiago de Cacém a Santiago do Cacém; Póvoa de Varzim, a Póvoa do Varzim e tantos
outros casos que vão aparecendo no largo expectro da nossa Imprensa e
audiovisual.
Ninguém
decerto deu orientação a essa “malta” dos órgãos de comunicação social para alterar
a forma como as terras de Portugal são conhecidas.
Sai-lhes
da inspiração momentânea de dizer o que a cada um vem à cabeça. E, se a
formação como jornalistas não tem tido em conta certos princípios, deveria
haver chefes de redacção, revisores ou supervisores que colocassem as coisas
nos seus lugares, travando o disparate.
No
que respeita à região algarvia, e apesar desta recente “Quinta
do Marim” não tenho
notado grandes alterações, embora durante os recentes fogos, se tenha ouvido um
jornalista televisivo dizer por mais de uma vez: - “Estou aqui no Cachopo,
onde a situação se agravou…”.
E
tenho receio de que, em qualquer futura reportagem, algum iluminado faça um périplo
por algumas terras algarvias e diga ou escreva, por exemplo, uma “peça” como
esta:
“Estive no
Alcoutim, passei no Martinlongo e no
Cachopo, desci ao Loulé e
estacionei no São Braz.
Depois hesitei sem saber se iria ao
Faro ou ao Olhão, mas acabei
por terminar a minha viagem na
Tavira.”
Não
existe regra formal para decidir estas coisas. A regra principal, além do bom
senso e do fazer a nossa linguagem cair bem no ouvido do destinatário, terá de
ser a de respeitar aquilo que é consuetudinário. Ou seja, o direito de cada
terra continuar a ser designada como sempre o foi.
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