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terça-feira, 10 de julho de 2012

PAÍS DE ENGENHEIROS E DOUTORES….. DA MULA RUSSA


por: Luís Costa Silva
Quem estudou, lutou e queimou as pestanas para conseguir concluir uma licenciatura à séria, deve neste momento sentir uma enorme frustração ao assistir a toda a rebaldaria, perdoem-me a vulgaridade, que actualmente envolve o ensino superior (???) em Portugal.
Temos de regressar ao pós 25 de Abril, com o aparecimento do ensino superior privado em Portugal, o qual, pela total incompetência e mediocridade, para não dizer dolo, da “nossa” classe politica, tão culturalmente e revolucionariamente evoluída, permitiu dando origem ao surgimento de uma profusão de Universidades (???), da Moderna, à extinta Independente, passando pela Nova, pela Lusófona, pela Lusíada, etc., etc., as quais na altura rapidamente se posicionaram para lucrar o mais possível com o “negócio” da educação superior em Portugal. Para efeito de justificar o referido basta consultar as propinas pagas nos estabelecimentos de ensino superior privados, uma pechincha.

Para conseguir entender toda esta balbúrdia (equivalências, exames ao domingo, pós graduações feitas antes das respectivas graduações, etc., etc.) seria necessário um extenso trabalho e um espaço que não se coadunam com os objectivos deste nosso blogue, importando no entanto referir o “Processo de Bolonha” como o prego que faltava para fechar o “caixão” da mediocridade, incompetência e “roubalheira” instalada em Portugal. 
O termo é muito forte mas bem justificado, pois andam os pais a pagar verdadeiras fortunas para que os seus filhos sejam licenciados em coisas como sejam “Artes Visuais”, “Estudos Artísticos” ou “Engenheiros de Papel”, que a única coisa que ganham é passar a ser tratados por Doutores ou Engenheiros, não conseguindo emprego, e muito menos trabalho em parte alguma……. são mesmo da mula russa.
O Processo de Bolonha, licenciaturas em três anos, seguidas de mestrados com mais dois anos de formação, a concessão de créditos para reconhecimento de equivalências sem limites estabelecidos (pelo menos em algumas das ditas universidades), ou seja poderão existir licenciaturas só com equivalências, foi mais uma “ajuda” para a grande negociata em torno do ensino superior.
Consultado o site da Direcção Geral do Ensino Superior, deparamo-nos com mais de 1.700 possibilidades de licenciatura entre universidades públicas e privadas ao longo de todo o país, o que diz bem da ganância para retirar dinheiro aos bolsos dos menos avisados cidadãos nacionais. O preço dos canudos não é nada barato, independentemente do mérito dos seus possuidores, assim como as pós graduações e os doutoramentos, que também são bem “carotes”, e espalhados a torto e a direito, ao Deus dará sobre a nossa elite intelectual. 
Mal vai o nosso país com tão elevada elite intelectual, no topo da Europa e no tecto do mundo.
Transmitir e adquirir conhecimentos não é com esta gente, o que está sempre em cima da mesa é a sustentabilidade das instituições, o dinheirinho claro.
Mas o que nos trouxe a este tema não foi de facto esta verdadeira extorsão, autorizada e legalizada, mas sim a total confusão em torno das habilitações dos nossos, “muito queridos”, deputados e governantes, ou seja a falta de sintonia entre as habilitações que declaram formalmente, para o respectivo registo na Assembleia da Republica, as habilitações que dizem ter, e por último, mas não mesmo importante, a necessidade de nós todos sabermos quais são as habilitações que efectivamente têm.
Alguém suporta toda esta baralhada? Não será também esta mais uma das razões porque impera a mediocridade e a incompetência no nosso Governo e Administração Pública?
Entendemos nós não ser necessário ter-se uma licenciatura para se ser competente, e muito menos para se ser um bom servidor público, o que não aceitamos é esta feira de vaidades, dos canudos à força toda, numa clara manipulação da leis, por parte de quem tem a responsabilidade de as fazer, e mais ainda de as aplicar.
Senhora Presidente não terá chegado a altura dos serviços da Assembleia da Republica porem ordem na documentação á sua guarda? Os cidadãos já se questionam, e bem, não só, sobre os casos que já se conhecem, mas também em relação a todos os outros “representantes do povo” que têm assento na dita casa da democracia. Serão aquilo que sob palavra disseram ser? Os "curriculae" são sujeitos a alguma verificação, ou podem incluir tudo o que lhes vem à cabeça, como por exemplo a presidência de associações musicais e outras? Não querendo com isto desvalorizar as instituições em causa.
As letras minúsculas utilizadas para a casa da democracia, são propositadas porque pelos vistos estamos numa democracia, ao serviço de alguns que não de todos nós cidadãos desta tão velha Nação, com raízes profundas na história da humanidade.
Certificados de habilitações com selo branco será o mínimo a admitir, tendo o cuidado de verificar se por acaso o dia em que foram passados não é um Domingo ou um dia feriado, sugerindo ainda que não seja permitido pelos serviços da Assembleia da Republica, efectuar alterações aos dados existentes sem a respectiva documentação de suporte, devidamente e formalmente ratificada. Essa regalia de a palavra do Senhor Deputado ser quanto baste, já era, só sendo possível em sociedades desenvolvidas, pois que as consequências, em sociedades não desenvolvidas, dão os resultados que estão à vista.  
Por último, não podemos deixar de reflectir se não serão todos estes podres, aquilo que o polémico espião Silva Carvalho tinha, e continua a ter, em carteira para andar na alta roda da vida Nacional, gerindo habilidosamente a sua divulgação? Ele que fale, e se calhar terá mais deliciosas (ironia de mau gosto) notícias sobre a “nossa” tão frágil democracia e os seus (nossos) lídimos representantes.         
 Deus queira que o velho ditado, de que o que não vai a bem, vai a mal....... seja só verbalização da sabedoria popular.  

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