por: Luís Costa Silva
Quem estudou, lutou
e queimou as pestanas para conseguir concluir uma licenciatura à séria, deve
neste momento sentir uma enorme frustração ao assistir a toda a rebaldaria,
perdoem-me a vulgaridade, que actualmente envolve o ensino superior (???) em
Portugal.
Temos de regressar
ao pós 25 de Abril, com o aparecimento do ensino superior privado em Portugal,
o qual, pela total incompetência e mediocridade, para não dizer dolo, da
“nossa” classe politica, tão culturalmente e revolucionariamente evoluída, permitiu dando origem ao surgimento de uma profusão de Universidades (???), da Moderna, à
extinta Independente, passando pela Nova, pela Lusófona, pela Lusíada, etc.,
etc., as quais na altura rapidamente se posicionaram para lucrar o mais
possível com o “negócio” da educação superior em Portugal. Para
efeito de justificar o referido basta consultar as propinas pagas nos estabelecimentos de
ensino superior privados, uma pechincha.
Para conseguir
entender toda esta balbúrdia (equivalências, exames ao domingo, pós graduações
feitas antes das respectivas graduações, etc., etc.) seria necessário um
extenso trabalho e um espaço que não se coadunam com os objectivos deste nosso
blogue, importando no entanto referir o “Processo de Bolonha” como o prego que
faltava para fechar o “caixão” da mediocridade, incompetência e “roubalheira”
instalada em Portugal.
O
termo é muito forte mas bem justificado, pois andam os pais a pagar verdadeiras
fortunas para que os seus filhos sejam licenciados em coisas como sejam “Artes
Visuais”, “Estudos Artísticos” ou “Engenheiros de Papel”, que a única coisa que
ganham é passar a ser tratados por Doutores ou Engenheiros, não conseguindo
emprego, e muito menos trabalho em parte alguma……. são mesmo da mula russa.
O Processo de
Bolonha, licenciaturas em três anos, seguidas de mestrados com mais dois anos
de formação, a concessão de créditos para reconhecimento de equivalências sem
limites estabelecidos (pelo menos em algumas das ditas universidades), ou seja
poderão existir licenciaturas só com equivalências, foi mais uma “ajuda” para a
grande negociata em torno do ensino superior.
Consultado o site
da Direcção Geral do Ensino Superior, deparamo-nos com mais de 1.700 possibilidades
de licenciatura entre universidades públicas e privadas ao longo de todo o
país, o que diz bem da ganância para retirar dinheiro aos bolsos dos menos
avisados cidadãos nacionais. O preço dos canudos não é nada barato,
independentemente do mérito dos seus possuidores, assim como as pós graduações
e os doutoramentos, que também são bem “carotes”, e espalhados a torto e a
direito, ao Deus dará sobre a nossa elite intelectual.
Mal vai o nosso país com
tão elevada elite intelectual, no topo da Europa e no tecto do mundo.
Transmitir e
adquirir conhecimentos não é com esta gente, o que está sempre em cima da mesa
é a sustentabilidade das instituições, o dinheirinho claro.
Mas o que nos
trouxe a este tema não foi de facto esta verdadeira extorsão, autorizada e
legalizada, mas sim a total confusão em torno das habilitações dos nossos, “muito
queridos”, deputados e governantes, ou seja a falta de sintonia entre as
habilitações que declaram formalmente, para o respectivo registo na Assembleia
da Republica, as habilitações que dizem ter, e por último, mas não mesmo
importante, a necessidade de nós todos sabermos quais são as habilitações que
efectivamente têm.
Alguém suporta toda
esta baralhada? Não será também esta mais uma das razões porque impera a
mediocridade e a incompetência no nosso Governo e Administração Pública?
Entendemos nós não ser
necessário ter-se uma licenciatura para se ser competente, e muito menos para
se ser um bom servidor público, o que não aceitamos é esta feira de vaidades,
dos canudos à força toda, numa clara manipulação da leis, por parte de quem tem
a responsabilidade de as fazer, e mais ainda de as aplicar.
Senhora Presidente
não terá chegado a altura dos serviços da Assembleia da Republica porem ordem
na documentação á sua guarda? Os cidadãos já se questionam, e bem, não só, sobre
os casos que já se conhecem, mas também em relação a todos os outros
“representantes do povo” que têm assento na dita casa da democracia. Serão aquilo que sob palavra disseram ser? Os "curriculae" são sujeitos a alguma verificação, ou podem incluir tudo o que lhes vem à cabeça, como por exemplo a presidência de associações musicais e outras? Não querendo com isto desvalorizar as instituições em causa.
As letras
minúsculas utilizadas para a casa da democracia, são propositadas porque pelos vistos estamos numa democracia, ao
serviço de alguns que não de todos nós cidadãos desta tão velha Nação, com
raízes profundas na história da humanidade.
Certificados de
habilitações com selo branco será o mínimo a admitir, tendo o cuidado de
verificar se por acaso o dia em que foram passados não é um Domingo ou um dia
feriado, sugerindo ainda que não seja permitido pelos serviços da Assembleia da
Republica, efectuar alterações aos dados existentes sem a respectiva documentação
de suporte, devidamente e formalmente ratificada. Essa regalia de a palavra do
Senhor Deputado ser quanto baste, já era, só sendo possível em sociedades
desenvolvidas, pois que as consequências, em sociedades não desenvolvidas, dão
os resultados que estão à vista.
Por último, não
podemos deixar de reflectir se não serão todos estes podres, aquilo que o
polémico espião Silva Carvalho tinha, e continua a ter, em carteira para andar na
alta roda da vida Nacional, gerindo habilidosamente a sua divulgação? Ele que
fale, e se calhar terá mais deliciosas (ironia de mau gosto) notícias sobre a “nossa” tão frágil democracia e os
seus (nossos) lídimos representantes.
Deus queira que o velho ditado, de que o que não vai a bem, vai a mal....... seja só verbalização da sabedoria popular.
Sem comentários:
Enviar um comentário