por Prudêncio Matias
Tavira passa por ser uma terra turística.
E é! Não tem o
glamour de Albufeira, Vale de Lobo ou Vilamoura, nem a confusão que ali se
instala em Julho e Agosto, mormente pela transferência, desde Lisboa e
arredores, de todo o “bicho careto” com pretensões ao “top-ten” do jet-set.
Uma vista da Ilha, Barra e parte das Quatro Águas |
Um brilhantismo que
lhe é dado pelas suas qualidades intrínsecas e não pelas melhorias de acessos e
condições adjacentes em que ninguém pensa, mas que são necessárias.
Porque, se as “Quatro
Águas” não forem, urgente e corajosamente adaptadas às exigências de hoje, nem
melhorado o percurso fluvial a partir de Tavira, através de um Gilão que
definha por crescente assoreamento, os milhares que diariamente frequentam a Ilha de Tavira, a mais procurada praia da região tavirense podem fugir para outras paragens.
As dificuldades
criadas por um batalhão pouco identificado com
o desenvolvimento desta terra, de gente que se protege da sua pequenez
em políticas fundamentalistas de que ninguém explica a eficácia ou o interesse,
fizeram com que, até agora, o espaço das Quatro Águas e a sua estrada de
acesso, constituam uma vergonha municipal à espera que alguém a assuma.
De revés em revés,
chegou-se até ao Polis da Ria Formosa, a última desculpa para nada se fazer, já
que para tanto são precisas verbas que actualmente escasseiam.
Mas não é só de
verbas que a “porta” para a Ilha de Tavira precisava. Era de vontades. Vontades
que apenas surgem em época pré-eleitoral ou seja, de promoção político-pessoal
dos artistas em palco ou em vias de para ele subir.
Vejamos o
palavreado com que foi dourado o
Polis/Quatro Águas: Objectivos:
(…) “Requalificação e valorização do
espaço público, nomeadamente em termos de ordenamento de tráfego e melhoria dos
equipamentos e serviços existentes. Criação de infraestruturas relacionadas com
a actividade náutica (docas de recreio e núcleos de recreio náutico) e
construção de cais suplementares que garantam uma ligação entre a cidade e a
ilha com qualidade.
Estudos e Planos:
- Plano de
intervenção e requalificação, de acordo com a UOPG VI — Quatro Águas. Este
deverá conter: a requalificação paisagística e ambiental do espaço; a melhoria
dos equipamentos públicos existentes; a construção de cais de acostagem
suplementar na Ilha de Tavira e a criação de infraestruturas relacionadas com a
actividade náutica.
Aos burocratas do Ambiente que ainda
conseguiram que muitos dos trabalhos sejam presentes a estudo de impacte
ambiental, sugerimos uma ida a Espanha, à bem pertinha Ayamonte e descubram o
excelente trabalho no acesso de mais de quatro quilómetros entre a cidade e a
Isla Canela, um percurso exemplar que percorre uma zona húmida idêntica à nossa
Ria Formosa.
É um trajecto largo, agradável e
funcional, onde as aves melhoraram os
seus abrigos com o acréscimo de vegetação que a nova estrada permitiu.
Cá deste lado do Guadiana somos os
adeptos das dificuldades impostas pela velha desculpa da legislação, dos
normativos da U.E., dos estudos, das consultas públicas e não públicas, ou das
“capelinhas” chefiadas por pequenos ditadores que não fazem nem deixam fazer…
Ou ainda, neste caso concreto, de quem não interessa nada “mexer” nas Q.Águas e
influencia o sistema.
Na recente sessão de
apresentação “o Presidente da
Câmara de Tavira manifestou-se esperançado em que as obras decorram dentro dos
prazos previstos, nomeadamente o Projecto de Requalificação das Quatro Águas,
de forma a permitir a travessia para a Ilha de Tavira na época balnear de 2012”.
Não vale a pena o Presidente
prometer. A época balnear de 2012 vai na sua duração descendente. E a próxima,
de 2013, vai chegar em igual cenário.
A obra só nasce quando o homem quer.
E nunca quando há algum (ou alguns) a não querer.
Em vez de um estudo de impacte
ambiental para as Quatro Águas, promova-se antes um estudo para verificar quem
são as pessoas a cuja actividade não interessa alterar este “estado das
coisas”.
Seria interessante o resultado.
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