por: Lopes Sabino
Quando ontem comentei
o ataque do fogo à freguesia de Cachopo, Concelho de Tavira, nunca imaginei que
ele não fosse rapidamente sustido, tal a máquina humana e material colocada no terreno.
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Combate ao fogo (Foto "Público") |
E, apesar de, ao fim
do dia de ontem, já haver duplicado o número de bombeiros a atacar o incêndio e
se ter visto substancialmente aumentado o equipamento aéreo e terrestre, as
chamas vieram por aí abaixo. Vieram a fustigar Santa Catarina da Fonte do Bispo
e Santa Maria, ainda em Tavira, e a parte do Concelho de São Braz de Alportel
confinante com a frente sul do pavoroso incêndio.
Os bombeiros, que não descansam há cerca de 48 horas, têm sido incansáveis, mas não dão para tudo, principalmente com tantas frentes e a grande extensão que é preciso controlar.
As zonas mais altas
debruçadas sobre o Vale da Asseca continuaram pasto fácil, e as populações
viram arder os seus haveres. As inúmeras frentes e a extensão quilométrica do
fogo que começara em Cachopo e descera Picota abaixo impediam como já se disse e facilmente se calcula, um combate
eficaz. ![]() |
O vale da Asseca |
Antes do anoitecer,
um manto de escuridão e fumo desceu sobre a cidade e muita gente justificava as
faúlhas e o cheiro intenso da combustão como fossem vindos de Cachopo. Mas não,
já andava mais próximo.
Os meios foram
reforçados com grupos de Bombeiros de Aveiro, Leiria e Porto, mas as povoações
e outros núcleos habitacionais disseminados
pela vasta área serrana continuam em risco e as pessoas bastante assustadas.
O caso não era (e não é) para
menos!
Diz o Presidente do
Município, Jorge Botelho, que já ardeu 1/3 da área do concelho, pedindo que fosse
decretado o “estado de calamidade pública”, para que seja dada mais força ao
combate e mais tarde reparados os prejuízos.
O Ministro da
Administração Interna, presente ontem à noite no teatro “da guerra contra as
chamas”, respondeu que a decisão iria ser devidamente ponderada.
Mas, perante o
alargamento do fogo a mais freguesias de Tavira e a outro concelho, e dada a
perspectiva pouco animadora para o combate nas próximas horas, não restará a
Miguel Macedo outra solução que não seja a de propor ao Conselho de Ministros o reconhecimento do regime de calamidade.
Os Bombeiros e todos
os restantes intervenientes no terreno precisam de ajuda ilimitada, até
conseguirem apagar totalmente este surto, que se constitui como que “as fogueiras do
nosso descontentamento”.
Rezemos para que isso
aconteça e que a ajuda divina encaminhe vontades, com coragem e empenhamento.
Uma tarefa que poderia ficar mais adequadamente a cargo do agora tão falado Dom
Januário.
Não é ele ainda o
Bispo das Forças Armadas? Ou seja, dos soldados?
E não são os
Bombeiros os Soldados da Paz?
E, em vez de atear
focos de incompreensão e de combate político, não será fomentar a Paz uma das
mais sublimes tarefas dos grandes responsáveis pela Igreja Católica?
Eu acho que sim. Só
se houver quem não ache…
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