por: Lopes
Sabino
Não! Não se trata
daquele “inferno” caracterizado pelo “vermelhusco” prelado Dom Januário, no seu
afã de colorir de dotes angelicais a ex-presença governativa do seu (dele)
amigo Sócrates, atacando agora os que tentam pôr a casa em ordem.

As altas
temperaturas, os ventos multi-direccionados e, por vezes, uma mãozinha furtiva
(o que não sabemos se é o caso de hoje), vão provocando, nesta época, a angústia
das gentes serranas, ao verem ameaçados os seus pastos, as suas matas, a suas
culturas de subsistência, o seu gado, as suas casas, quiçá a sua própria
integridade física.
Há mais de 24 horas
que quatro frentes de fogo consomem floresta e mato em Cachopo e, à hora em que
escrevo, uma delas aproxima-se perigosamente da Aldeia. Esperemos que os meios
disponíveis no terreno consigam restabelecer a normalidade.
Mais de 350 bombeiros de Corporações do Algarve e Alentejo, meios aéreos (um avião espanhol e quatro portugueses), militares, Protecção Civil, GNR e população, ali se juntam na luta contra o fogo. Uma luta comum e contra um único inimigo, que normalmente solidariza os intervenientes, todos tentando salvar tanto o que é seu, como o que é dos outros. Mais o que é dos outros.
Os fogos são, na verdade, um inferno. E, para além da sua inevitabilidade – falta de limpeza das matas, dos caminhos e das
zonas de protecção, intenções criminosas ou descuidos – será útil que do
seu combate se tirem as solidárias lições de que o País necessita para sair da
crise.
Lições que o façam
emergir das cinzas em que o colocam os infernais fogos, mas também renascer das
cinzas de um comportamento iniquo que nos trouxe até à crise que, de há dois
anos para cá, nos consome energias, valores e paciência.
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