Por: Orlando Lima
Em Portugal, hoje em dia,
protesta-se por tudo.
Nuns casos, com razão. E aqui
está a Democracia a funcionar. Noutros casos o protesto serve fins pessoais,
orquestrado com objectivos políticos, sob a “batuta” de alguns eternos
revolucionários ou dirigentes sindicais ambiciosos, a coberto de certos
partidos de reduzida expressão eleitoral.
Um dos motivos mais relevantes
que alimenta esta situação é, sem dúvida, a contestação às reformas
estruturais que toda a gente clama serem necessárias para fazer o país sair da
crise, quando o não são no seu próprio interesse.
Mas, vislumbrada um pouco de luz sobre qualquer destas medidas, logo ressalta um clamor de vozes, que dizendo-se movidas por razões de classe, não só protestam, como directamente insultam qualquer responsável do Governo.
Mas, vislumbrada um pouco de luz sobre qualquer destas medidas, logo ressalta um clamor de vozes, que dizendo-se movidas por razões de classe, não só protestam, como directamente insultam qualquer responsável do Governo.
Daí se programar a convocação,
por sms ou email, chamando à luta meia dúzia de correligionários para insultar e
ofender, não para contestar algo, numa qualquer deslocação de Ministros, do 1º
Ministro e, até mesmo, do Presidente da República.
Será que é uma atitude
democrática, chamar “ladrão”, “gatuno”, “filho da p…” a um responsável
nacional, de ânimo leve? Será digno da “democracia”, que dizem defender,
chamar-se “corrupto” a alguém, que não sendo da nossa simpatia, faz o que
melhor sabe e pode, sujeitando-se àquilo que é arma que, individualmente, cada
um de nós possui, o voto?
Porém o Povo é assim. Tanto
insulta como aclama. Mas, hoje em dia, não o faz só por sentimento próprio, mas
também arrastado por essa máquina demolidora, que é a imprensa escrita, a rádio
e, sobretudo, a televisão, posta em movimento por um exército de jornalistas
movidos pela ambição de figuras públicas, que provocam a confusão, dão dimensão
a assuntos de “lã caprina”, procurando por vezes pôr na boca dos entrevistados,
aquilo que os próprios entrevistadores desejam, para dar ênfase aos seus
trabalhos.
Será tudo isto fruto da “nova”
sociedade em que vivemos?
Talvez! Mas há factos que ferem a
nossa sensibilidade, mesmo que queiramos acompanhar esses progressismos do
Século XXI.
Como é o caso das intervenções
disparatadas e impróprias de figuras a quem se deveria atribuir um especial
respeito moral, mas que, afinal, procedem como um desses tais anónimos, que, a
mando da CGTP, vão esperar, insultar e agredir com palavras o seu semelhante.
Claro que me refiro ao Bispo das
Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira. Este “eminente” clérigo, em
recente entrevista à Radio Renascença, classificou Passos Coelho e todo o seu
Governo, como uma corja de “corruptos”, incitando o Povo a vir para a rua
defender a democracia. Como? Talvez queimando numa fogueira, mesmo ali no
centro do Terreiro do Paço, todos os “ímpios” membros que nos governam, como o
faziam os seus “colegas” da Inquisição, no século XVI.
É verdade que já tínhamos ouvido
idêntico discurso por parte do Jerónimo de Sousa e do Partido Comunista.
Contudo o pior é que a esta
lamentável blasfémia, própria de uma Igreja tradicionalista contra a qual lutou
Lutero, a Conferência Episcopal Portuguesa veio dizendo que eram opiniões
pessoais do bispo, a que cada um tem direito. Muito bem… Então e os actos
pedófilos ocorridos em todo o mundo por servidores da Igreja, inclusivamente,
bispos colegas de D. Januário? Também esses são actos pessoais de cada um… mas
a própria Igreja, humildemente, os reconheceu, e o Papa Bento XVI já veio pedir
desculpas ao Mundo, em nome da sua Igreja.
Todavia o Bispo é um soldado.
Capelão-mor das Forças Armadas e, como tal, um oficial general.
Caso curioso, também Santo
António de Lisboa o foi. Em 1678, o Regimento de Infantaria de Lagos, sediado
em Tavira, escolheu como seu patrono o celebre pedagogo, atribuindo-lhe o posto
de capitão e respectivo soldo. Mas como o Santo já era falecido o seu
vencimento era destinado à celebração de
missas por almas dos soldados falecidos.
Com D. Januário não se passa bem
isso. Segundo o Correio da Manhã, o grande defensor das vítimas da austeridade
recebe mensalmente uma pensão de 3.687 euros, mais 737 euros do suplemento da
condição militar, auferindo por mês 4.424 euros, mais de 9 salários mínimos,
além de outras regalias como gabinete de apoio, carro com motorista e
telemóvel, com o posto de major-general na reforma, continuando todavia no
cargo de Bispo das Forças Armadas.
Claro que como funcionário
público sofreu, como todos os que auferem vencimentos acima dos 1.000 euros, o
corte dos subsídios de férias e de Natal.
Terá sido este pormenor que
inflamou os “fígados” do sr. Bispo para se tornar tão grande inimigo do
Governo, ao ponto de comparar Passos Coelho ao ditador Salazar?
Tem razão o comentador Marques
Mendes, quando considerou as declarações do Bispo das Forças Armadas de
“absolutamente inaceitáveis e próprias de uma pessoa perturbada”.
Perante estes factos por que não
convocar mais algumas manifestações, para pedir a demissão imediata deste
irreverente bispo?
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