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sexta-feira, 20 de abril de 2012

"RACISMO ENTRE SOLÍPEDES ?"


Cavalo
Pertencem os dois à família dos solípedes, ambos mamam, não têm dedos, apenas um casco em cada pata.
Um é conhecido por cavalo e o outro por burro.
O primeiro é um equídeo de grande porte, cauda e crina longas, cabeça relativamente pequena e orelhas curtas. Dá pelos nomes de alazão e garanhão. Por tudo isto dizem que é um animal nobre e inteligente.
O segundo, um quadrúpede híbrido, estéril, de menor tamanho e orelhas longas, conhecido por jumento, asno, jegue e jerico, nascido apenas para trabalhar, é considerado teimoso e estúpido, ao ponto de emprestar o seu nome a certos homens.

Burro
Estas características levaram a que os humanos tivessem criado um acentuado "racismo" entre estes dois "irmãos" solípedes, privilegiando um em detrimento do outro.
A isto poderemos chamar racismo "solipedesco".
Os cavalos exibem-se em rodeos, touradas, desfiles, concursos, e são aplaudidos. Os burros carregam grandes pesos sobre o lombo e levam vergastadas quando teimam em não andar.
Enquanto os privilegiados vivem em estábulos ou cavalariças e comem cenouras e maças, os desprotegidos dormem em cabanas ou telheiros e ruminam palha.
É verdade que por tudo isto também passam os humanos...

Porém o que não está certo é a religião também se permitir separar os cavalos dos burros. Fazemos esta afirmação porquanto Tavira assiste no dia 22 de Abril, pelas 15,30 horas, na Luz de Tavira, a uma Romaria e Bênção dos Cavalos, com oferta de flores a Nossa Senhora e a São Jorge, seu patrono protector.
Para esta festa os donos dos animais vão trajar à antiga portuguesa e à espanhola, e os cavalos vão desfilar atrelados a trens e charretes.
Então? - Perguntamos nós. - E os burros não têm direito a um pouco da graça divina? A poder desfilar com os seus arreios domingueiros, a cores e cheios de guizos?
Olhem que sim. Pois não é verdade que andam aí tantos burros a necessitar de água benta!...

Ambrósio Antunes


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