Não sabia que Tavira
procurava investimentos no lado de lá do Atlântico. Culpa minha e ignorância
que me foi desfeita pela leitura do Jornal do Barlavento de 26 de Abril
passado.
Fiquei portanto esclarecido
de que o Presidente do Município e o Presidente da EMPET, acompanhados de um
Professor da UALg, e de um membro da ANJE/Algarve, tinham lançado, na costa leste
dos “States”, umas sementes de confiança, fertilizando o acto com alguma
publicidade, em terreno lavrado pelos embaixadores de lá e de cá, todo ele
localizado em áreas dominadas por comunidades lusas.
De facto, para colher é
preciso semear.
Por um lado é bom que se
divulgue a nossa região, que em termos promocionais deixou, e ainda bem, o
duplo “LL” que a adulterava. Ainda por cima, junto de comunidades que
tradicionalmente não nos procuram. O turismo norte-americano, quando sai do seu
continente fá-lo em direcção a Paris, Londres ou Roma. Os emigrantes
portugueses raramente regressam e, se
o fazem temporariamente, ficam-se pelos Açores que se constituem como a sua origem, em
grande percentagem.
Mas, por outro lado, duvido
um pouco da eficácia desta operação de “charme”. Precisamos antes de mais, de desenvolver
a nossa região - o Algarve em geral e Tavira em particular - para que depois possamos oferecer hipóteses de
bons investimentos.
Não teremos grande sorte no
eventual aparecimento de um grupo de investidores enquanto não voltarmos:
- Ao reflorir em pleno da nossa agricultura;
- Ao apoio
e crescimento de uma equilibrada frota
pesqueira, com especial incidência na construção do Porto de Pesca de
Tavira;
- À consolidação das estruturas públicas ligadas
ao turismo;
- À reconstrução urbana com a recuperação de
prédios degradados.
Na área turística a par da
sua funcionalidade, a imagem de uma cidade ganha pontos. Importa recordar, por
exemplo, a melhoria introduzida nas marginais de Santa Luzia e Cabanas. Mas que
é feito da marginal de Tavira, abarcada pelas Quatro Águas, pelo respectivo
acesso e pelas margens do Gilão?
Mais papista que o IPPAR, a
reconstrução urbana em Tavira padecia até há pouco, do síndrome fundamentalista
de impedir alterações no interior dos edifícios, exigindo tectos de cana, não
autorizando placas entre pisos e obrigando ao uso de cal no exterior, entre
outras patacoadas. Com tal grau de exigência, a recuperação de imóveis foi
sendo abandonada. Será que já se inverteu a tendência?
Tudo isto conta.
Existe um parque
empresarial bem delineado e a baixo preço por m2. Sim! Mas e o resto? O que
temos nós para oferecer?
O desenvolvimento de uma
região não se faz através de boas vontades, ou apenas em promoções ainda que
intencionalmente bem dirigidas. Faz-se apoiado numa realidade concreta, em
programas e projectos bem definidos, sempre visando a sua potencial
globalidade.
Para que esta viagem aos
EUA tenha o merecido resultado, é preciso pois apostar no desenvolvimento
integrado da Região de Tavira e não apenas em oferecer a preço de saldo, espaço
em parque empresarial. Um investidor procurará sempre uma envolvente de
crescimento harmónico, diversificado e complementar para a região onde pretende
arriscar capitais.
Não oferecendo essa
realidade, o que nos resta? A instalação de empresas que apostam em mão-de-obra
barata?
Salvo melhor opinião, Tavira
quer-se como um todo desenvolvido e próspero e não apenas um deserto com dois
ou três oásis dominados por poderes
estranhos à Região.
Disso, Já Tavira e o
Algarve têm cá muito.
Lopes
Sabino
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