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sexta-feira, 13 de abril de 2012

PENSAR TAVIRA……... UMA REFLEXÃO (2.ª Parte)

Conferência Bretton Woods 1944
A década de cinquenta do Século passado, saída do fim da Segunda Guerra Mundial, da criação das Nações Unidas, dos Acordos de Bretton Woods, que criaram o sistema financeiro internacional, da criação em 1951 da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (abreviada pelas iniciais CECA), preconizadora da actual União Europeia, da vulgarização da caixa mágica, a televisão, é a década em que se iniciaram os processos e movimentos que irão moldar todo o final do século XX e as actuais primeira e segunda década do Século XXI.
São processos com dimensão mundial, mas a que a nossa realidade Nacional não se conseguiu furtar. O fim dos impérios coloniais, o processo que conduziu à invasão da Índia e ao inicio da guerra em África, que se prolongaria por mais de treze anos, até ao 25 de Abril de 1974.
E Tavira? Como já referido na anterior crónica, uma comunidade equilibrada que vai sofrer, durante toda a década, uma primeira quebra económica, a entrada em crise da indústria de produção de sal.
Salina tradicional
A exploração tradicional das salinas, com utilização intensiva de mão-de-obra e respectivos custos em crescendo, acrescida de uma forte quebra na procura, derivada do já referido surgimento e divulgação da conservação dos alimentos pelo frio, inviabiliza a sua exploração e conduz ao abandono de muitas salinas do salgado de Tavira, sendo que a sua exploração só irá ser retomada nas décadas seguintes, agora em moldes industriais.
 
As salinas tradicionais são, na sua esmagadora maioria, transformadas em salinas industriais, com um uso intensivo de maquinaria e um mínimo de mão-de-obra, a qualidade do sal produzido diminui, o que não é relevante já que o produto se destina às fábricas onde irá ser lavado e higienizado, antes de chegar ao mercado do consumo.
Importa assinalar que as referidas fábricas, de lavagem e higienização, se implantaram em Olhão e não em Tavira, sendo que as razões que conduziram a esta opção são conhecidas mas não cabem, nem julgamos terem interesse para o objectivo desta nossa crónica.
Copejo de atum
Continuavam no entanto em actividade as quatro armações de atum (Abóbora, Medo das Cascas, Barril e Livramento), a fábrica de moagem J.A.Pacheco, as fábricas de conservas, J.J. Celorico Palma e Balsense, a Cooperativa de Vinho de Tavira, a Cooperativa de Produtores de Azeite, o comércio de alfarroba, figo e amêndoa, os pomares de laranjeiras e os hortícolas frescos que abasteciam e tornavam auto suficiente o mercado local.
Esta realidade dissimulou a acima referida primeira quebra na economia local, para a qual o turismo ainda não tinha expressão compensatória, já que se encontrava ainda no seu início, no Barlavento do Algarve, em particular na Praia da Rocha.
A década de cinquenta estava a chegar ao fim, ainda com alguma prosperidade das classes dominantes, com um forte associativismo social, no Grémio, no Ginásio, no Orfeão e no Recreativo.
Importa por fim assinalar um elemento que atravessa também esta década, o aumento significativo da motorização das embarcações de pesca que irá, no nosso entender, ser determinante para o futuro da pesca do atum com as armações fixas.
Vamos na nossa próxima crónica entrar nessa década que tão importante irá ser para a nossa história recente e particularmente para a história da nossa cidade, a década de sessenta, do século passado.

                                                                  Luís Costa e Silva

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