Páginas

quarta-feira, 11 de abril de 2012

PENSAR TAVIRA……... UMA REFLEXÃO (1.ª Parte)


Estávamos na década de cinquenta do Século passado. Tavira era uma comunidade activa, com quatro armações para a captura de atum, uma fábrica de moagem, várias fábricas de conservas, duas das quais com alguma dimensão (a J.J. Celorico Palma e a Balsense), um salgado, único em dimensão em todo o Algarve, e com uma produção de sal muito relevante no todo Nacional, uma cooperativa que produzia um vinho de elevada e reconhecida qualidade, uma cooperativa de produtores de azeite, um comércio de frutos secos relevante, particularmente de alfarroba, figo e amêndoa, uma agricultura que para alem das afamadas laranjas, produzia hortícolas frescos que abasteciam e tornavam auto suficiente o mercado local.
Salgado de Tavira

Era toda esta actividade económica centrada na cidade, já para não falar nas áreas não urbanas do concelho, um mundo rural que com muito labor se desenvolvia dia a dia, e que alimentava um comércio local estável e sustentável.

Uma comunidade com problemas de distribuição de riqueza pelas classes mais necessitadas, mas produtiva, activa e com um forte sentido comunitário e de identidade que se materializava nos diferentes mecanismos de apoio social não formal ou institucionalmente estabelecidos, para além da Misericórdia, da Casa dos Pescadores, das irmandades, e do Montepio Artístico Tavirense, entre outras instituições com uma forte componente assistencialista. Uma comunidade produtiva e economicamente sustentável.

O que se passou então, desde essa altura?



Será a resposta a esta questão o tema de uma sequência de reflexões, sem qualquer pretensão de esgotar ou levar à exaustão o tema, que iremos abordar ao longo de um conjunto de crónicas a publicar neste nosso blogue.

Como uma primeira reflexão, a ser objecto da nossa próxima crónica, permitam-me recordar ter sido na década de cinquenta que se dá a “descoberta” do Algarve como destino turístico, e ter sido ainda na década de cinquenta que se dá a vulgarização da conservação dos alimentos pelo frio o que colocou de imediato em crise a produção de sal, actividade económica na altura muito importante para a economia Tavirense.

Importa terminar referindo que estas crónicas serão uma mera opinião do autor, que só a ele comprometem, carecendo do exercício de um contraditório para poderem adquirir a consistência que desejaríamos atingir.  

                                                                     Luís Costa Silva  



          

1 comentário: