Estávamos na década
de cinquenta do Século passado. Tavira era uma comunidade activa, com quatro
armações para a captura de atum, uma fábrica de moagem, várias fábricas de
conservas, duas das quais com alguma dimensão (a J.J. Celorico Palma e a
Balsense), um salgado, único em dimensão em todo o Algarve, e com uma produção
de sal muito relevante no todo Nacional, uma cooperativa que produzia um vinho
de elevada e reconhecida qualidade, uma cooperativa de produtores de azeite, um
comércio de frutos secos relevante, particularmente de alfarroba, figo e
amêndoa, uma agricultura que para alem das afamadas laranjas, produzia
hortícolas frescos que abasteciam e tornavam auto suficiente o mercado local.
Salgado de Tavira |
Era toda esta
actividade económica centrada na cidade, já para não falar nas áreas não
urbanas do concelho, um mundo rural que com muito labor se desenvolvia dia a
dia, e que alimentava um comércio local estável e sustentável.
Uma comunidade com
problemas de distribuição de riqueza pelas classes mais necessitadas, mas
produtiva, activa e com um forte sentido comunitário e de identidade que se
materializava nos diferentes mecanismos de apoio social não formal ou
institucionalmente estabelecidos, para além da Misericórdia, da Casa dos
Pescadores, das irmandades, e do Montepio Artístico Tavirense, entre outras
instituições com uma forte componente assistencialista. Uma comunidade
produtiva e economicamente sustentável.
O que se passou
então, desde essa altura?
Será a resposta a esta questão o tema de uma sequência de reflexões, sem qualquer pretensão de esgotar ou levar à exaustão o tema, que iremos abordar ao longo de um conjunto de crónicas a publicar neste nosso blogue.
Como uma primeira
reflexão, a ser objecto da nossa próxima crónica, permitam-me recordar ter sido
na década de cinquenta que se dá a “descoberta” do Algarve como destino
turístico, e ter sido ainda na década de cinquenta que se dá a vulgarização da
conservação dos alimentos pelo frio o que colocou de imediato em crise a
produção de sal, actividade económica na altura muito importante para a
economia Tavirense.
Importa terminar referindo que estas crónicas serão uma mera opinião do autor, que só a ele comprometem, carecendo do exercício de um contraditório para poderem adquirir a consistência que desejaríamos atingir.
Luís Costa Silva
Importa terminar referindo que estas crónicas serão uma mera opinião do autor, que só a ele comprometem, carecendo do exercício de um contraditório para poderem adquirir a consistência que desejaríamos atingir.
Luís Costa Silva
Excelente análise socio-economica de Tavira.
ResponderEliminarParabéns.
Um tavirense