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domingo, 2 de setembro de 2012

MUDAR A DESIGNAÇÃO DAS NOSSAS TERRAS...OU A FALTA DE CONHECIMENTOS ADEQUADOS?



                                                          Por Lopes Sabino
Foi publicada no Correio da Manhã de 30 de Agosto último e vem demonstrar o pouco cuidado com que o jornalismo, falado ou escrito, é exercido.
A deturpação dos nomes de cidades, vilas ou pequenas localidades é ideia de jornalistas com pouca formação e muito menor conhecimento do País e das raízes etimológicas que envolvem esses locais.
Basta que um deles solte a asneira numa rádio, em televisão ou num jornal, para rapidamente ser adoptada pelos colegas de profissão. E – muito mais grave - adoptada sem mais nem menos pelas autarquias, pela sinalética nas estradas, pelos documentos oficiais.
Foi assim que, entre os mais conhecidos desses maus exemplos, Póvoa de Lanhoso passou a Póvoa do Lanhoso; Santiago de Cacém a Santiago do Cacém; Póvoa de Varzim, a Póvoa do Varzim e tantos outros casos que vão aparecendo no largo expectro da nossa Imprensa e audiovisual.
Ninguém decerto deu orientação a essa “malta” dos órgãos de comunicação social para alterar a forma como as terras de Portugal são conhecidas.
Sai-lhes da inspiração momentânea de dizer o que a cada um vem à cabeça. E, se a formação como jornalistas não tem tido em conta certos princípios, deveria haver chefes de redacção, revisores ou supervisores que colocassem as coisas nos seus lugares, travando o disparate.
No que respeita à região algarvia, e apesar desta recente  “Quinta do Marim” não tenho notado grandes alterações, embora durante os recentes fogos, se tenha ouvido um jornalista televisivo dizer por mais de uma vez: - “Estou aqui no Cachopo, onde a situação se agravou…”.
E tenho receio de que, em qualquer futura reportagem, algum iluminado faça um périplo por algumas terras algarvias e diga ou escreva, por exemplo, uma “peça” como esta:
Estive no Alcoutim, passei no Martinlongo e no Cachopo, desci ao Loulé e estacionei no São Braz. Depois hesitei sem saber se iria ao Faro ou ao Olhão, mas acabei por terminar a minha viagem na Tavira.”
Não existe regra formal para decidir estas coisas. A regra principal, além do bom senso e do fazer a nossa linguagem cair bem no ouvido do destinatário, terá de ser a de respeitar aquilo que é consuetudinário. Ou seja, o direito de cada terra continuar a ser designada como sempre o foi.

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