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segunda-feira, 21 de maio de 2012

PORTUGAL TEATRO... DAS COMÉDIAS


Não há nada como a televisão para nos fazer aperceber de como a vida portuguesa é uma completa comédia.
No domingo passado deu-me pena ver o "pobre" do Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP, em Baleizão (Alentejo), depois de homenagear o túmulo de Catarina Eufémia, debaixo de chuva e granizo, encharcado que nem um pinto, botar o seu habitual discurso contra as alterações ao novo código de trabalho.
Pensei, como é difícil defender a "democracia" destes comunistas portugueses.
Logo à noite foi a vez da XVII Gala dos Globos de Ouro, que começou à porta do Coliseu, com um desfile de exuberância e luxuria, que deveria revoltar todos os sem-abrigo, "residentes" nas arcadas vizinhas, afastados, por baias, da longa e larga alcatifa escarlate que protegia os pés aveludados das "divas" intervenientes, na calçada da Rua de Santo Antão.
Ali desfilou o "sumo" da moda arquitectada pelos disputados costureiros, cabeleireiros e joalheiros da capital.
Cada "flash" dos "cameras" em serviço mostrava rostos conhecidos e ávidos de protagonismo barato. Elas metidas em vestidos longos, rachados à frente para que a perna fosse cobiçada pelos olhos da plebe, algumas com grandes flores ao peito, que mais pareciam repolhos; eles apertados nos "smokings" (alugados?), enfeitados com laços. Todos a fazerem reluzir um festival de peças de ouro e pedras, ambicionadas pelas milhentas casas de compra e venda de ouro, espalhadas por Lisboa.
Como eu me recordei do pós 25 de Abril, quando este tipo de eventos eram frequentados e decorados por calças de ganga rotas no joelho, barbas e "tuças" crescidas e mal lavadas, a comprovar o verdadeiro espírito revolucionário de então.
Mas quem eram as ilustres personagens que se enquadravam no "ecran" da minha televisão, nesta gala para a qual fui convidado, assentado no sofá da minha sala?
Sem dúvida a Lili Caneças, a confessar que há 17 anos que não faltava ao festival, e a desfilar o vestido emprestado; o casal mais aberrante de Lisboa, desde o terramoto de 1755, o Castelo Branco e a sua Betty, mascarados com o conteúdo do baforento guarda-roupa uni-sexo, que ambos usam alternadamente; as manas Aveiro (não conhecem?), as manas  do Ronaldo, metidas em vestidos três números inferiores à sua medida; o Abrunhosa, sem óculos, para disfarçar o seu cariz revolucionário e para um melhor aproveitamento capitalista em que se enquadra; a Ana Bola e a Ruefa, futuras concorrentes ao programa "Peso Pesado"; (e mais não aponto, para reduzir a crónica).
Eram tantos, que seria difícil exigir que a agricultura portuguesa e os camaradas do Jerónimo de Sousa produzissem batatas suficientes para alimentar esta gente, quanto mais para matar a "fome" a um milhão de portugueses desempregados.
Para mim o espectáculo correu bem, até à altura em que me pediram para votar pelo telefone (não sei o quê), e para me exigirem 6o cêntimos, por chamada, subtraídos do meu rendimento mínimo social.
Irritado pensei aderir à causa dos "homenzinhos da luta", mas eles também lá estavam no meio da "maralha"...
Ambrózio Antunes

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