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sábado, 11 de agosto de 2012

TAVIRA E A ILHA, mudar este estado de coisas...


                                                                     por Prudêncio Matias
Tavira passa por ser uma terra turística.
E é! Não tem o glamour de Albufeira, Vale de Lobo ou Vilamoura, nem a confusão que ali se instala em Julho e Agosto, mormente pela transferência, desde Lisboa e arredores, de todo o “bicho careto” com pretensões ao “top-ten” do jet-set.
Uma vista da Ilha, Barra e parte das Quatro Águas
No Verão, Tavira tem já uma vida própria alimentada pelas estâncias turísticas em redor, “comandadas” pela qualidade da sua Ilha, nas diversas versões de Cabanas, Ilha/Mar, Terra Estreita ou Barril. 
Um brilhantismo que lhe é dado pelas suas qualidades intrínsecas e não pelas melhorias de acessos e condições adjacentes em que ninguém pensa, mas que são necessárias.


Porque, se as “Quatro Águas” não forem, urgente e corajosamente adaptadas às exigências de hoje, nem melhorado o percurso fluvial a partir de Tavira, através de um Gilão que definha por crescente assoreamento, os milhares que diariamente frequentam a Ilha de Tavira, a mais procurada praia da região tavirense podem fugir para outras paragens.
As dificuldades criadas por um batalhão pouco identificado com  o desenvolvimento desta terra, de gente que se protege da sua pequenez em políticas fundamentalistas de que ninguém explica a eficácia ou o interesse, fizeram com que, até agora, o espaço das Quatro Águas e a sua estrada de acesso, constituam uma vergonha municipal à espera que alguém a assuma.
De revés em revés, chegou-se até ao Polis da Ria Formosa, a última desculpa para nada se fazer, já que para tanto são precisas verbas que actualmente escasseiam.
Mas não é só de verbas que a “porta” para a Ilha de Tavira precisava. Era de vontades. Vontades que apenas surgem em época pré-eleitoral ou seja, de promoção político-pessoal dos artistas em palco ou em vias de para ele subir.
Vejamos o palavreado  com que foi dourado o Polis/Quatro Águas:  Objectivos:
(…) “Requalificação e valorização do espaço público, nomeadamente em termos de ordenamento de tráfego e melhoria dos equipamentos e serviços existentes. Criação de infraestruturas relacionadas com a actividade náutica (docas de recreio e núcleos de recreio náutico) e construção de cais suplementares que garantam uma ligação entre a cidade e a ilha com qualidade.
Estudos e Planos:
- Plano de intervenção e requalificação, de acordo com a UOPG VI — Quatro Águas. Este deverá conter: a requalificação paisagística e ambiental do espaço; a melhoria dos equipamentos públicos existentes; a construção de cais de acostagem suplementar na Ilha de Tavira e a criação de infraestruturas relacionadas com a actividade náutica.
Aos burocratas do Ambiente que ainda conseguiram que muitos dos trabalhos sejam presentes a estudo de impacte ambiental, sugerimos uma ida a Espanha, à bem pertinha Ayamonte e descubram o excelente trabalho no acesso de mais de quatro quilómetros entre a cidade e a Isla Canela, um percurso exemplar que percorre uma zona húmida idêntica à nossa Ria Formosa.
É um trajecto largo, agradável e funcional, onde as aves  melhoraram os seus abrigos com o acréscimo de vegetação que a nova estrada permitiu.
Cá deste lado do Guadiana somos os adeptos das dificuldades impostas pela velha desculpa da legislação, dos normativos da U.E., dos estudos, das consultas públicas e não públicas, ou das “capelinhas” chefiadas por pequenos ditadores que não fazem nem deixam fazer… Ou ainda, neste caso concreto, de quem não interessa nada “mexer” nas Q.Águas e influencia o sistema.
Na recente sessão de apresentação o Presidente da Câmara de Tavira manifestou-se esperançado em que as obras decorram dentro dos prazos previstos, nomeadamente o Projecto de Requalificação das Quatro Águas, de forma a permitir a travessia para a Ilha de Tavira na época balnear de 2012”.
Não vale a pena o Presidente prometer. A época balnear de 2012 vai na sua duração descendente. E a próxima, de 2013, vai chegar em igual cenário. 
A obra só nasce quando o homem quer. E nunca quando há algum (ou alguns) a não querer.
Em vez de um estudo de impacte ambiental para as Quatro Águas, promova-se antes um estudo para verificar quem são as pessoas a cuja actividade não interessa alterar este “estado das coisas”.
Seria interessante o resultado.

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