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sexta-feira, 20 de julho de 2012

TAVIRA - O FOGO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO...

por: Lopes Sabino
Quando ontem comentei o ataque do fogo à freguesia de Cachopo, Concelho de Tavira, nunca imaginei que ele não fosse rapidamente sustido, tal a máquina humana e material colocada no terreno.
Combate ao fogo (Foto "Público")
E, apesar de, ao fim do dia de ontem, já haver duplicado o número de bombeiros a atacar o incêndio e se ter visto substancialmente aumentado o equipamento aéreo e terrestre, as chamas vieram por aí abaixo. Vieram a fustigar Santa Catarina da Fonte do Bispo e Santa Maria, ainda em Tavira, e a parte do Concelho de São Braz de Alportel confinante com a frente sul do pavoroso incêndio.

Os bombeiros, que não descansam há cerca de 48 horas, têm sido incansáveis, mas não dão para tudo, principalmente com tantas frentes e a grande extensão que é preciso controlar. 
As zonas mais altas debruçadas sobre o Vale da Asseca continuaram pasto fácil, e as populações viram arder os seus haveres. As inúmeras frentes e a extensão quilométrica do fogo que começara em Cachopo e descera Picota abaixo impediam como já se disse e facilmente se calcula, um combate eficaz. 
O vale da Asseca
Quatro quilómetros a norte da cidade as chamas lá estavam e as aflições da população continuaram noite dentro.
Antes do anoitecer, um manto de escuridão e fumo desceu sobre a cidade e muita gente justificava as faúlhas e o cheiro intenso da combustão como fossem vindos de Cachopo. Mas não, já andava mais próximo.
Os meios foram reforçados com grupos de Bombeiros de Aveiro, Leiria e Porto, mas as povoações e outros núcleos habitacionais  disseminados pela vasta área serrana continuam em risco e as pessoas bastante assustadas.
O caso não era (e não é) para menos!
Diz o Presidente do Município, Jorge Botelho, que já ardeu 1/3 da área do concelho, pedindo que fosse decretado o “estado de calamidade pública”, para que seja dada mais força ao combate e mais tarde reparados os prejuízos.
O Ministro da Administração Interna, presente ontem à noite no teatro “da guerra contra as chamas”, respondeu que a decisão iria ser devidamente ponderada.
Mas, perante o alargamento do fogo a mais freguesias de Tavira e a outro concelho, e dada a perspectiva pouco animadora para o combate nas próximas horas, não restará a Miguel Macedo outra solução que não seja a de propor ao Conselho de Ministros o reconhecimento do regime de calamidade.
Os Bombeiros e todos os restantes intervenientes no terreno precisam de ajuda ilimitada, até conseguirem apagar totalmente este surto, que se constitui como que “as fogueiras do nosso descontentamento”.
Rezemos para que isso aconteça e que a ajuda divina encaminhe vontades, com coragem e empenhamento. Uma tarefa que poderia ficar mais adequadamente a cargo do agora tão falado Dom Januário.
Não é ele ainda o Bispo das Forças Armadas? Ou seja, dos soldados?
E não são os Bombeiros os Soldados da Paz?
E, em vez de atear focos de incompreensão e de combate político, não será fomentar a Paz uma das mais sublimes tarefas dos grandes responsáveis pela Igreja Católica?
 Eu acho que sim. Só se houver quem não ache…

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