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quinta-feira, 19 de julho de 2012

O "INFERNO" NA SERRA DE TAVIRA


por: Lopes Sabino
Não! Não se trata daquele “inferno” caracterizado pelo “vermelhusco” prelado Dom Januário, no seu afã de colorir de dotes angelicais a ex-presença governativa do seu (dele) amigo Sócrates, atacando agora os que tentam pôr a casa em ordem.
Antes se trata do inferno das chamas que assolam a freguesia mais longínqua do concelho de Tavira – a de Cachopo – e aquela que, no Sotavento do Algarve,  sofre mais da gula do fogo em épocas como a presente.
As altas temperaturas, os ventos multi-direccionados e, por vezes, uma mãozinha furtiva (o que não sabemos se é o caso de hoje), vão provocando, nesta época, a angústia das gentes serranas, ao verem ameaçados os seus pastos, as suas matas, a suas culturas de subsistência, o seu gado, as suas casas, quiçá a sua própria integridade física.
Há mais de 24 horas que quatro frentes de fogo consomem floresta e mato em Cachopo e, à hora em que escrevo, uma delas aproxima-se perigosamente da Aldeia. Esperemos que os meios disponíveis no terreno consigam restabelecer a normalidade.
O esforço é grande.
Mais de 350 bombeiros de Corporações do Algarve e Alentejo, meios aéreos (um avião espanhol e quatro portugueses), militares, Protecção Civil, GNR e população, ali se juntam na luta contra o fogo. Uma luta comum e contra um único inimigo, que normalmente solidariza os intervenientes, todos tentando salvar tanto o que é seu, como o que é dos outros. Mais o que é dos outros.
Os fogos são, na verdade, um inferno. E, para além da sua inevitabilidade – falta de limpeza das matas, dos caminhos e das zonas de protecção, intenções criminosas ou descuidos – será útil que do seu combate se tirem as solidárias lições de que o País necessita para sair da crise.
Lições que o façam emergir das cinzas em que o colocam os infernais fogos, mas também renascer das cinzas de um comportamento iniquo que nos trouxe até à crise que, de há dois anos para cá, nos consome energias, valores e paciência.

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